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Quem disse que sorgo só serve para o gado? Conheça o projeto que incentiva plantação do cereal no semiárido

Produção começa nos próximos meses. Equipes de nutrição e engenharia de alimentos irá oferecer uma capacitação para mulheres de uma comunidade quilombola

Entre as opções de uso do sorgo, estão as farinhas temperadas e a produção de bolos e biscoitos.

Nem todo mundo conhece, mas o sorgo é um dos cereais mais cultivados no mundo. No Brasil, ele é plantado tanto para a produção de grãos quanto para forragem voltada à alimentação animal. Com boa tolerância à escassez hídrica, é mais encontrado em regiões com baixos índices pluviométricos.

O uso da farinha de sorgo para alimentação humana vem sendo difundido como opção de alimento com alta qualidade energética, sem a presença de glúten e com substâncias antioxidantes, importantes para uma dieta saudável.

Por isso, a Universidade Federal de Viçosa (UFV), teve a ideia de criar um projeto que incentiva e facilita o plantio do sorgo e a utilização de sua farinha na alimentação humana, em comunidades da região do semiárido. Para a empreitada, a UFV também convidou a Emater-MG, que está mobilizando produtores da região de Janaúba, interessados em aprender a produzir sorgo.

A empresa também ficou responsável pela assistência técnica no plantio do cereal feito por agricultores familiares. “O trabalho aqui na região pretende melhorar a alimentação das famílias e gerar renda com a venda do produto, principalmente para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), explica o coordenador regional de Culturas da Emater-MG, Arquimedes Teixeira.

Segundo a Emater-MG, o Norte de Minas conta com uma área plantada de 12,3 mil hectares de sorgo.

Comunidade Quilombola será uma das primeiras a ser beneficiada

Mas o mais legal é que a primeira parte do trabalho no Norte de Minas está sendo feita no município de Monte Azul, na comunidade quilombola São Sebastião. Lá, um grupo de mulheres, que já faz artesanato com algodão colorido, está animado para começar a trabalhar também com a farinha de sorgo.

O grupo recebeu a doação de um moinho para produção de farinha. O equipamento foi doado pela Emater-MG, e adquirido com recursos da Fapemig. A expectativa é de que, só na comunidade, cerca de 100 famílias sejam beneficiadas.

Moinho de sorgo doado para a comunidade quilombola

A produção começa nos próximos meses. Uma equipe do projeto da área de nutrição e engenharia de alimentos irá oferecer uma capacitação para as mulheres. Também será feita a tabela nutricional, além da confecção de logomarca e de embalagens para facilitar a comercialização. Entre as opções de uso, estão as farinhas temperadas e a produção de bolos e biscoitos.

Além do trabalho desenvolvido em Monte Azul, o projeto também irá se expandir para os municípios de Catuti e Pai Pedro.

Na região de Janaúba, a empreitada também conta com a participação de instituições como a Embrapa Milho e Sorgo, Universidade Federal de Minas Gerais – Campus Montes Claros, Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).

(*) Com informações da Emater-MG

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Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.