O queijo do Serro receberá hoje (7) um aliado na luta por resguardar sua receita original, que remonta ao período colonial. Quatro produtores da região, apoiados pelo Sebrae, receberão da Associação do Produtores de Queijo do Serro (Apaqs) os primeiros selos que comprovam a procedência e a legitimidade do modo de fazer o queijo artesanal em 10 municípios que formam a área delimitada pela Indicação de Procedência (IP), uma das modalidades de Indicação Geográfica (IG).
A cerimônia de entrega será no Auditório da Escola Municipal Infantil Irmã Carvalho, às 18h30, no centro do Serro. A etiqueta permitirá a rastreabilidade do produto inibindo possíveis falsificações.
Em 2011, o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) concedeu ao QMA do Serro a chancela de Indicação Geográfica na modalidade Indicação de Procedência. Agora, cabe à Apaqs, que representa os produtores da região, a administração e a concessão selo aos produtores.
Identificação do produtor e da peça fabricada 👨🧀
Cada selo possui a marca da Associação, um QR Code e um código numérico, que identificam o produtor e a peça fabricada, e que podem ser consultados no site da Apaqs.
“O reconhecimento que conquistamos ao longo dos anos, nos trouxe diferenciais de mercado, porém muitos queijos feitos com leite cru passaram a ser comercializados como se fosse da Região do Serro. O selo dará mais segurança ao consumidor que estará comprando um produto que obedece ao modo de produção indicado pelos critérios estabelecidos pela Apaqs e regularizado junto aos órgãos de verificação”, explica o presidente da Apaqs, José Ricardo Ozólio.
IG melhora a autoestima dos produtores 😊
O especialista em queijo Minas Artesanal, historiador e consultor do Centro de Referência do Queijo Artesanal e da Federação da Agricultura, Elmer Almeida, explica que a indicação geográfica é a identificação de um produto ou serviço como originário de um determinado local. Ele é capaz de determinar sua reputação, suas características e/ou qualidade. Existem duas modalidades de Indicação Geográfica, mas ambas preservam o produto e dão garantias da produção.
“Para os produtores uma IG é muito interessante porque trata-se de uma proteção do nome regional do produto. Isso dá legitimidade ao que é produzido, melhora a autoestima do produtor e agrega valor. Para os consumidores, dá a garantia de que aquele produto é produzido naquela determinada região que tem a indicação geográfica, é a garantia do produto, de sua origem e do modo como ele é comercializado e produzido”.
Como pleitear o selo? 🏅
Nesta primeira fase da estratégia liderada pela Apaqs em parceria com o Sebrae Minas, quatro produtores passaram por uma avaliação e estão aptos a receber o selo. Outros quatro produtores já estão em processo de análise. Aqueles que produzem queijo na região e quiserem pleitear o selo deverão cumprir as normas estabelecidas no Caderno de Especificações Técnicas, além de passarem por visitas de verificação que comprovem que o produtor segue as especificações exigidas.
“Os selos valorizam a origem e fortalecem a representatividade do queijo do Serro no mercado, possibilitando o aumento da renda do produtor e, consequentemente, a melhoria da sua qualidade de vida”, disse o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, Marcelo de Souza e Silva.
O que caracteriza a iguaria feita no Serro? 🧀
A maturação do queijo do Serro é feita em, pelo menos, 17 dias, produzido com leite cru, “pingo”, sal e coalho.
O queijo da Região do Serro é produzido com leite cru, “pingo”, sal e coalho. O modo de fazer, a maturação feita em pelo menos 17 dias, além das características particulares do território, conferem atributos sensoriais únicos à iguaria produzida por cerca de 800 produtores e agricultores familiares de pequeno porte das 10 cidades da região: Alvorada de Minas, Conceição do Mato Dentro, Dom Joaquim, Materlândia, Paulistas, Rio Vermelho, Sabinópolis, Santo Antônio do Itambé, Serra Azul de Minas e Serro.
Apoio do Sebrae foi importante 👨
A conquista do selo é um dos resultados do programa ALI Indicações Geográficas (IG), que em 2023, orientou os produtores do Serro sobre a importância do trabalho em grupo, o fortalecimento do associativismo, a revisão do regulamento de uso da Indicação de Procedência (IP) e da análise do mercado.
“Oferecemos capacitações e orientações gerenciais aos produtores rurais para que alcancem melhores resultados. Além disso, fomentamos novas oportunidades de negócios em toda a cadeia produtiva associada ao queijo”, detalhou o presidente.
Em 2018, em parceria com a Associação dos Produtores Artesanais de Queijo do Serro (Apaqs), foi lançada a marca coletiva da Região do Serro, construída no intuito de expressar a cultura, a tradição, a culinária e a história colonial da região, contribuindo para unir ainda mais produtores e gerar senso de pertencimento.
Modo de fazer foi reconhecido pelo IPHAN 🏠
O modo de fazer o Queijo Minas Artesanal na Região do Serro foi reconhecido, em 2008, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (IPHAN), sendo o primeiro bem cultural a ser registrado como patrimônio imaterial no Brasil. Em 2011, recebeu do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) a chancela de Indicação Geográfica (IG, na modalidade Indicação de Procedência (IP).
Iguaria foi premiada em vários concursos 🥇🥈🥉
No ano passado, o queijo da Região do Serro foi destaque em várias premiações e concursos nacionais, entre eles, o Prêmio Queijo Brasil, realizado em julho, em Blumenau, conquistando três medalhas de Ouro, quatro de Prata e seis de Bronze; e em agosto, com a medalha de Ouro na categoria “Casca Florida” no Concurso Internacional de Queijos Artesanais da Expoqueijo Brasil, em Araxá. Fora do país, na 6ª edição do Concurso Mundial de Queijo de Tours, considerado um dos mais importantes da França, os produtores de queijo do Serro trouxeram na mala sete medalhas, sendo três de Ouro, uma de Prata e três de Bronze.
(*) Com informações de Simone Guedes da Agência Sebrae.
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