Em meio à correria do dia a dia, são inúmeras as situações que têm impactos diretos no nosso cotidiano e acabam provocando problemas como estresse, ansiedade, insônia e depressão. São as pressões no trabalho, problemas de saúde, questões pessoais e mudanças significativas na vida. Além disso, a modernidade trouxe mudanças na nossa dieta e estilo de vida, como o consumo de alimentos processados e o sedentarismo, que podem afetar negativamente nossa saúde e bem-estar. Buscando oferecer alternativas complementares para a recuperação e promoção da saúde, o Governo de Minas oferece, gratuitamente, as PICS – Práticas Integrativas Complementares em Saúde.
Reconhecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como parte da Medicina Tradicional e Complementar (MTC), as práticas são tratamentos baseados no modelo de atenção humanizada e centrada na integralidade do indivíduo que buscam estimular os mecanismos naturais de prevenção de agravos, promoção e recuperação da saúde por meio de tecnologias eficazes e seguras, com ênfase na escuta acolhedora, no desenvolvimento do vínculo terapêutico e na integração do ser humano com o meio ambiente e a sociedade.
Pioneirismo na oferta
De acordo com a Coordenação de Práticas Integrativas e Complementares da Secretaria de Estado de Minas Gerais (SES-MG), o estado foi precursor na criação da Política Estadual de Práticas Integrativas e Complementares, em 2009, e, embora haja semelhanças com a Política Nacional, criada em 2006, Minas buscou refletir as peculiaridades do seu território, orientando as Secretarias Municipais de Saúde sobre como implantar as práticas no âmbito local.
Hoje são 29 práticas integrativas e complementares oferecidas de forma gratuita em todas as esferas da saúde pública no estado. Todos os procedimentos possuem um caráter transversal, ou seja, estão presentes em todos os equipamentos de saúde, desde a Unidade Básica (UBS), no âmbito da Atenção Primária, passando por serviços como os Centros de Atenção Psicossocial (Caps), que são da Atenção Especializada, até chegar ao âmbito da Atenção Hospitalar.
Abordagem mais abrangente para a saúde.
As Pics atuam de forma complementar aos tratamentos convencionais e contribuem para uma visão ampliada do processo saúde/doença e da promoção do cuidado integral, além de proporcionarem autonomia dos sujeitos, empoderamento do usuário e valorização do saber popular. Elas se aplicam, por exemplo, na saúde mental, por conta de insônia, depressão, ansiedade e transtornos de pânico e também em dores crônicas, como mialgias, lombalgias e artrites. Levando em consideração o conjunto do corpo, mente e espírito, a abordagem se dá no âmbito da atenção especializada.
Acupuntura, aromaterapia, auriculoterapia, biodança, cromoterapia, massoterapia e reiki são algumas das terapias que estão entre as Pics. Essas práticas complementares podem ser incorporadas ao tratamento convencional ou usadas de forma independente para ajudar a aliviar o estresse, reduzir a dor, melhorar o sono e promover a cura natural do corpo.
Práticas alternativas em espaços públicos e consultórios
Os atendimentos das Pics começam na Atenção Básica, principal porta de entrada para o SUS, mas podem estar presentes em todos os pontos da Rede de Atenção à Saúde. E a melhora no bem-estar e saúde dos participantes proporciona, inclusive, menor demanda de atendimento médico nos postos.
Muitas vezes, a oferta acontece de forma coletiva, em espaços públicos, criando ainda, um vínculo com a comunidade. É o caso da ginástica terapêutica Lian Gong em 18 Terapias (LG18T), uma prática corporal fundamentada na Medicina Tradicional Chinesa, desenvolvida especialmente para prevenir e tratar dores crônicas, trabalhar a mente e as emoções e pode ser praticada por usuários das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da capital mineira. As atividades ocorrem nas unidades de saúde e em seu entorno, como quadras, praças e parques, além de outros equipamentos públicos como Centros de Convivência, Centros Culturais, Centros Esportivos, Centro de Referência de Assistência Social (Cras) e salões de associações ou de igrejas.
Mas as Pics também são oferecidas nos consultórios, como é o caso da auriculoterapia. Inspirada na terapia milenar chinesa, a auriculoterapia tem sido importante aliada da medicina brasileira. A terapia é baseada na análise da parte externa da orelha, que representa os órgãos do corpo humano e proporciona o alívio de dores do corpo e da alma, sem efeito colateral nem dependência química.
Atuação da SES-MG
Oferecidas de forma integral e gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o estado, as Pics integram um programa da Secretaria de Estado de Minas Gerais (SES-MG), que é responsável por estimular, coordenar, monitorar e fortalecer as ofertas junto aos municípios. Desde fevereiro de 2023, por meio de deliberação na Comissão Intergestores Bipartite do Estado de Minas Gerais (CIB-SUS/MG), foi definida a distribuição semestral de insumos utilizados na acupuntura e na auriculoterapia, como agulhas e sementes de mostarda. Mais de 200 municípios mineiros, que já possuem as práticas de auriculoterapia ou acupuntura implantadas, já foram comtemplados com o recebimento dos materiais.
Estimulando estas abordagens alternativas, em outubro de 2022, o Governo de Minas também destinou incentivo financeiro excepcional para apoiar as atividades de práticas integrativas e complementares em saúde na Atenção Primária. Os recursos são utilizados não só na compra de insumos, mas também na capacitação e qualificação de profissionais e ações de educação.
De acordo com o Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (Sisab), em 2022, foram realizados 127.582 procedimentos de Pics em Minas Gerais, dos quais 122.704 foram atividades individuais e 16.347, atividades coletivas. Ampliando as ofertas por todo estado, pelo menos 656 dos 853 municípios mineiros já oferecem as Pics em todos os níveis de atenção (77%), sendo que 625 oferecem as práticas na Atenção Primária, o que corresponde a 73%.
A lista dos municípios e práticas ofertadas por cada um deles está disponível no site da SES-MG e pode ser acessada no endereço