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8 de janeiro: relatora aponta participação de “kids pretos“, tropa de elite do Exército nos atos golpistas

Informes da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) referendam conclusões da CPM

A relatora da CPMI de 8 de janeiro, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), concluiu que os atos golpistas realizados na Praça dos Três Poderes tiveram “ação, ao menos parcialmente, planejada e executada por ‘kids pretos’”, como são conhecidos os membros das Forças Especiais do Exército – espécie de grupo da elite militar.

“Até o momento, a quase totalidade dos militares apontados pelas investigações como possíveis conspiradores, executores e defensores das teses golpistas, eram das Forças Especiais ou agentes incitados/instigados por eles”, diz trecho do relatório final.

A CPMI recebeu um documento da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) que aponta a “ação de atores radicalizados, possivelmente recrutados por ‘kids pretos’, ante o cenário de uma ‘guerra irregular’ ou ‘movimento irregular’, e que serviram como indutores de ações violentas com a finalidade de desestabilizar as instituições de estado e forçar uma intervenção militar”.

O documento cita dois discursos de militares ‘kids pretos’ que, no dia 8 de janeiro, teriam incitado a tomada da Praça dos Três Poderes.

“Foram identificados indivíduos que demonstravam indícios de preparação e de premeditação para a prática de ações violentas ou confronto, a exemplo do uso de máscaras de proteção contra gás, vestimentas militares e porte de armas brancas ou armas improvisadas”, diz o relatório final da CPMI.

O texto indica que os ‘kids pretos’ são “militares de altíssimo treinamento, preparados para operações que exigem agilidade e precisão, como uma incursão a território inimigo. Referidas características do treinamento das forças especiais ainda acarretam um papel natural de liderança, destacadamente em momentos de insurgência desorganizada”.

Em 22 das 1.333 páginas do relatório, há uma descrição detalhada de como o grupo foi cooptado pelo bolsonarismo e como, pelo menos, 21 desses militares estiveram de alguma forma ligados à Presidência da República entre 2019 e 2022 ou à participação na autoria do 8 de janeiro.

São citados, por exemplo, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid e os ex-ministros Luiz Eduardo Ramos, Augusto Heleno, Walter Braga Netto e Eduardo Pazuello – todos que passaram por treinamento de forças especiais. É destacado o papel do general da reserva Ridauto Fernandes, alvo no mês passado de uma das etapas da operação da Polícia Federal que investiga os atos criminosos do dia 8.

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