Em Minas, as mulheres vítimas de violência doméstica estão encontrando todo o apoio para romperem este ciclo e recomeçarem a vida. Este é o objetivo do Centro Risoleta Neves de Atendimento às Mulheres (Cerna), órgão da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese). Todo o trabalho é feito no sentido de oferecer acolhimento, orientação, rompimento com a situação de violência e resgate da autonomia, autoestima e autodeterminação.
Localizado no coração da capital, na avenida Amazonas, 558, a unidade é um centro de referência especializado em atendimento a mulheres vítimas de violência, com equipe profissional de psicologia, serviço social e direito. O atendimento pode ser feito de forma presencial ou virtual e por isto o Cerna está de portas abertas para mulheres vítimas de violência em todo o estado. Para isto, basta fazer o agendamento por telefone, quando é feita uma avaliação de risco conforme o Formulário Nacional de Risco e Proteção à Vida (Frida). Esta avaliação é importante, porque através dela, as técnicas do Cerna conseguem identificar o grau de risco em que a mulher se encontra, para direcionar o atendimento adequado. Nesse atendimento, a mulher também pode ser direcionada a outros serviços dos quais necessita, como saúde, educação, assistência social, entre outros. O Cerna também verifica se a mulher pode se beneficiar de participar do atendimento em grupo, onde todas vão compartilhar seus casos e criar redes de proteção, cuidado e solidariedade.
Aumento das denúncias e reflexos da pandemia
De 2019 a 2022, o Cerna realizou mais de 9,2 mil atendimentos na capital mineira e demais municípios do estado. De acordo com gerente do Centro, a psicóloga Cláudia Natividade, de 2019 para cá foi observado um aumento no número de casos e uma das razões foi a pandemia de Covid 19 e o isolamento social que ela provocou. Isto, porque, com as famílias confinadas em casa, as mulheres passaram a conviver de forma mais intensa com seus agressores e infelizmente, os casos de violência contra elas aumentou de forma bastante drástica, chegando a casos com diversas complexidades.
Diante deste cenário e buscando alternativas para manter o serviço durante o período de isolamento, o Cerna desenvolveu uma metodologia de atendimento remoto. E a iniciativa deu tão certo, que ela está sendo aplicada até hoje. De acordo com cada caso, é desenvolvida uma estratégia para que o atendimento seja feito de forma sigilosa, às vezes contando com o apoio de uma vizinha, tudo pensado para manter a segurança das mulheres e também das técnicas do Cerna.
E seja de forma remota ou mesmo presencial, o Cerna atende mulheres em todo o estado, por meio de outros 32 centros de referência municipais espalhados pelo interior, que fazem os atendimentos psicossociais e jurídicos. E nas cidades onde não há uma unidade do Cerna, as mulheres em situação de violência doméstica podem procurar o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) ou até o Centro de Saúde para relatar o caso e receber orientações sobre como agir.
Buscando dar suporte para cada vez mais municípios, a Sedese está ampliando as agendas de capacitação. Outra iniciativa é a criação de um curso à distância, por meio da Escola de Formação em Direitos Humanos (EFDH), que será oferecido aos municípios sobre essa temática da violência contra as mulheres.
Emoção na retomada da autonomia
Incentivando toda mulher a buscar ajuda, a psicóloga Cláudia Natividade relata a satisfação e emoção que todas sentem ao final de cada atendimento. E destaca como é bonito observar o momento em que as mulheres conseguem se recuperar e seguir em direção a uma nova vida, após o acolhimento no Cerna. E para aquelas que ainda sentem algum constrangimento ou vergonha de procurar ajuda nas políticas de forma geral, a psicóloga diz que tudo muda a partir do momento em que elas procuram o Cerna e descobrem que elas vão crescer também em termos de conscientização sobre os diversos tipos de violência que vivem e reaver as suas vidas, com planos para o futuro.
Como agendar
Para os agendamentos no Cerna, os telefones são (31) 3270-3235 e (31) 3270-3296. O Centro Risoleta Neves de Atendimento às Mulheres (Cerna) fica à avenida Amazonas, número 558, no centro de Belo Horizonte.
Como denunciar
Respeitando a autonomia das mulheres, o Cerna não faz busca ativa de usuárias e trabalha sob a demanda espontânea das mulheres ou por meio de encaminhamento institucional. Mas neste trabalho de combate à violência contra a mulher, é importante ressaltar que a participação da sociedade é fundamental. Assim, quem quiser denunciar um caso de violência doméstica, além de comparecer a delegacias da Polícia Civil, especializadas ou não, ou postos da Polícia Militar, pode ligar para o Disque Denúncia 181. O anonimato é garantido.
Em situações de emergência, as denúncias também podem ser feitas pelos telefones 190 (Polícia Militar) e 197 (Polícia Civil). Pela internet, a mulher ou outras pessoas podem entrar na página da Delegacia Virtual. Lá é possível registrar ocorrências de ameaça, lesão corporal, agressão e descumprimento de medida protetiva.
As mulheres também podem utilizar o aplicativo MG Mulher, disponível gratuitamente para Android ou iOs, que conta com endereços e telefones de delegacias, unidades policiais e instituições de ajuda mais próximas, vídeos, áudios e textos para orientar as vítimas, além da possibilidade de criar uma rede de contato com pessoas de confiança que podem ser acionadas em uma emergência com um só clique.