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Vereadores citam conflito de interesses em atuação de presidente do Conselho de Ética como advogado de Kalil

Rodolfo Gropen prestou depoimento na CPI do Abuso de Poder na CMBH nesta quinta-feira (2)

Relatora da CPI, vereadora Fernanda Altoé

Integrantes da CPI do Abuso de Poder na PBH avaliaram que a atuação do presidente do Conselho de Ética Municipal, Rodolfo Gropen, como advogado do ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD) quando ele ainda era prefeito da capital configura um conflito de interesses e mistura a esfera pessoal e pública.

A relatora da CPI, vereadora Fernanda Altoé (Novo), afirmou que a atuação de Gropen na defesa de Kalil em ações que envolviam dívidas de IPTU com a própria PBH representa “riscos e conflitos de interesses”.

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“Ao meu ver, de acordo com o próprio regimento interno do Conselho de Ética, mesmo que faça uma atuação sem remuneração ele é considerado agentes públicos, acredito que há sim risco e conflito. Em processos que dívidas de IPTU estão tendo suas cobranças proteladas, sendo o presidente do Conselho advogado do ex-prefeito, entendo que há sim um conflito”, afirmou Altoé.

“Se a CPI é para apurar abuso de poder e eventuais irregularidades, é natural que o Conselho de Ética seja ouvido. Queremos saber se o conselho é atuante, se as notícias estão chegando, se estão prevaricando”, disse a parlamentar.

Em depoimento nesta quinta-feira (2), Gropen afirmou que sua relação com Kalil começou em 2008, antes da eleição de Kalil para a presidência do Atlético.

“Eu conheci Kalil dois dias antes da primeira eleição que ele disputou no Atlético, em 2008. Eu forcei essa apresentação, porque meus filhos choravam por causa do Atlético. Estávamos em situação péssima e queria ajudar. Antes conhecia só de televisão. Quando ele foi eleito, fui apresentar um trabalho tributária para ele, para que o Atlético pagasse menos impostos. Ele me chamou para ajudar lá no Atlético. Assim o fiz, depois ele me chamou para ser diretor, não remunerado.

Depoimento na CPI

O presidente do Conselho de Ética Pública do Município de Belo Horizonte, Rodolfo de Lima Gropen, prestou depoimento à CPI dos Abusos de Poderes na manhã desta quinta-feira (2) e afirmou que não considera que houve conflito de interesses ao trabalhar como advogado do então prefeito Alexandre Kalil (PSD) em processos na Justiça.

Gropen afirmou aos vereadores que atua na defesa de empresas de Kalil e na defesa do ex-prefeito em ações que tramitam na Justiça, como as cobranças por dívidas de IPTU, mas avaliou que o fato não conflita com sua atuação à frente do Conselho de Ética desde outubro de 2021.

“Sou advogado em algumas causas de empresas do Alexandre Kalil e em algumas causas dele, são causas de natureza de execuções fiscais de natureza patrimonial, elas não conflitam ou colidem com a presidência no Conselho de Ética, que tem natureza de índole disciplinar. Os interesses são absolutamente distintos”, afirmou Rodolfo Gropen.

Questionado pelos vereadores sobre quais empresas de Kalil ele atua como advogado e quando ele começou a atuar na defesa do ex-prefeito, Gropen afirmou que não poderia responder, uma vez que quebraria o sigilo profissional.

Editor de Política. Formado em Comunicação Social pela PUC Minas e em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já escreveu para os jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.