Treinar em jejum pode prejudicar a saúde hormonal das mulheres, aponta estudo

Especialistas alertam que a combinação de jejum intermitente e exercícios intensos aumenta o risco de desequilíbrios hormonais e irregularidades no ciclo menstrual

Treinar sem comer pode oferecer riscos especialmente para mulheres segundo especialistas ouvidos pelo jornal britânico The Independent. A prática que acompanha o crescimento do jejum intermitente pode alterar o metabolismo provocar queda no desempenho e causar sintomas como cansaço e desmotivação.

O jejum intermitente ganhou popularidade entre pessoas que buscam emagrecer ou melhorar a saúde. Em muitos casos o café da manhã é substituído por bebidas leves ou até eliminado gerando dúvidas sobre a segurança de praticar exercícios sem alimentação prévia.

De acordo com especialistas consultados por The Independent a resposta depende do gênero do tipo de treino e dos objetivos de cada pessoa. Embora muitos usuários relatem maior clareza mental e controle de peso durante o período de restrição alimentar a prática não funciona da mesma forma para todos.

Riscos maiores para mulheres

A pesquisadora de nutrição e fitness Stacy Sims explica que o jejum intermitente pode até ajudar pessoas sedentárias ou com doenças metabólicas. Porém segundo ela quem já treina com frequência não obtém benefícios significativos ao adicionar jejum à rotina.

Leia também

Sims destaca que mulheres que praticam exercícios intensos podem sofrer impactos mais fortes devido à sensibilidade da kisspeptina, um neuropeptídeo essencial para o equilíbrio hormonal. A falta de carboidratos reduz a produção dessa substância o que pode levar a desequilíbrios hormonais aumento do apetite menor sensibilidade à insulina e maior tendência à intolerância à glicose.

Homens e atletas de resistência

Entre homens e atletas de resistência o cenário é diferente. O treinador e especialista em ciências do esporte Sergii Putsov afirma que treinar em jejum pode ser seguro dependendo do objetivo e do tipo físico. Em alguns casos a prática estimula a queima de gordura e melhora a sensibilidade à insulina.

Apesar disso Putsov alerta que a falta de glicogênio aumenta o risco de fadiga e perda de massa muscular quando não há reposição adequada após o treino.

A treinadora Edwina Jenner reforça que o impacto do jejum depende da atividade escolhida. Ela recomenda pilates ou yoga em jejum mas ressalta que treinos de força exigem energia para oferecer bons resultados. Segundo Jenner muitas mulheres acabam sentindo cansaço fome e perda de motivação o que pode se refletir em alterações no ciclo menstrual maior estresse e acúmulo de gordura abdominal.

Cuidados antes de treinar

Especialistas indicam que treinar sem comer deve ser evitado na maioria dos casos. As consequências podem incluir irregularidades hormonais maior ansiedade queda no rendimento e sintomas relacionados ao excesso de cortisol.

Para treinos intensos Jenner recomenda um café da manhã leve e de fácil digestão com intervalo de vinte a trinta minutos antes da atividade. Putsov sugere esperar uma hora após alimentos bem leves e até duas horas após refeições mais completas como aveia ou ovos.

Proteínas combinadas com carboidratos de absorção lenta são a escolha mais eficiente enquanto cereais açucarados devem ser evitados.

A hidratação também é essencial. Água antes do treino e eletrólitos em atividades intensas ajudam a manter energia e bom funcionamento metabólico.

Os especialistas alertam ainda que forçar o corpo além dos limites sem alimentação adequada pode causar náuseas tontura e fadiga no curto prazo e alterações hormonais no longo prazo. A recomendação é adaptar a alimentação às necessidades reais do treino e evitar extremos que coloquem a saúde em risco.

Jornalista graduado com ênfase em multimídia pelo Centro Universitário Una. Com mais de 10 anos de experiência em jornalismo digital, é repórter do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Antes, foi responsável pelo site da Revista Encontro, e redator nas agências de comunicação Duo, FBK, Gira e Viver.

Ouvindo...