O que é o phishing e como se proteger desse tipo de golpe virtual

Brasil concentra 43% das tentativas de golpes na América Latina. Especialistas explicam variações do crime, sinais de alerta e medidas para evitar prejuízos

O Brasil registrou 553 milhões de tentativas de phishing nos últimos 12 meses, segundo dados da empresa de segurança digital Kaspersky. A média é de 1,5 milhão de ataques por dia, o que consolida o golpe como o crime cibernético mais praticado no país.

No phishing, criminosos enviam links falsos por e-mail, SMS, WhatsApp e redes sociais para roubar dados pessoais e financeiros. Ao clicar ou informar dados em páginas fraudulentas, a vítima expõe contas bancárias, senhas e documentos.

O prejuízo é alto. Um dos casos investigados aponta que o golpe pode ter sido responsável pelo desvio de R$ 15 milhões do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal. A Associação de Defesa de Dados Pessoais e do Consumidor (ADDP) contabilizou 1,5 milhão de ocorrências entre janeiro e setembro de 2025.

Por que o Brasil é um dos principais alvos

A América Latina registrou 1,3 bilhão de tentativas de phishing entre julho de 2024 e agosto de 2025. O Brasil sozinho respondeu por 43 por cento desse total. Fábio Assolini, diretor de pesquisa da Kaspersky, disse ao site ClickGrátis que dois fatores explicam o cenário: grande população conectada e baixa educação digital.

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O uso de inteligência artificial (IA) também impulsiona os crimes. Mensagens falsas estão mais sofisticadas, com linguagem natural e aparência profissional. Criminosos utilizam ainda automação para disparar milhões de mensagens, principalmente por SMS, além de deepfakes que simulam vozes e rostos reais.

As modalidades de phishing mais perigosas:

  • Smishing: golpes enviados por SMS com links ou números falsos
  • Vishing: fraudes por ligação telefônica, com criminosos se passando por empresas
  • Spear phishing: ataque direcionado e personalizado para uma pessoa específica
  • Whaling: golpe contra executivos de alto escalão, com maior potencial de dano
  • Pharming: redirecionamento do usuário para sites falsos que imitam páginas reais

Como identificar mensagens suspeitas

Especialistas orientam atenção a sinais como remetentes estranhos, tom de urgência, pedidos de dados pessoais, links duvidosos, erros de português, saudações genéricas e anexos inesperados. Empresas legítimas não pedem senhas ou informações sensíveis por e-mail, telefone ou SMS.

Medidas essenciais de proteção

  • Ativar autenticação em dois fatores
  • Usar antivírus atualizado
  • Confirmar mensagens em canais oficiais
  • Desconfiar de ofertas exageradas
  • Evitar clicar em links enviados sem solicitação
  • Checar se o site acessado usa HTTPS
  • Criar protocolos de verificação antes de transações

O que fazer se cair em um golpe

Após clicar em um link falso, especialistas recomendam desconectar o aparelho da internet, rodar antivírus, trocar senhas, avisar o banco, registrar boletim de ocorrência, monitorar o CPF e alertar contatos. A ADDP sugere a regra das duas confirmações e dez segundos: validar pedidos sensíveis por dois canais diferentes e pausar antes de tomar decisões.

Educação digital

O Brasil registra 700 milhões de tentativas anuais de ataques cibernéticos, o equivalente a 1.379 por minuto. As perdas financeiras chegam a R$ 112 bilhões. Apesar do impacto, muitos casos não são registrados, o que dificulta ações de combate.

Nas empresas, um único clique pode comprometer sistemas inteiros. O custo médio de uma violação de dados já supera R$ 6 milhões em 2025.

Diante do avanço dos golpes e da sofisticação das tecnologias usadas por criminosos, especialistas defendem ações contínuas de educação digital envolvendo governo, empresas e usuários para reduzir riscos e fortalecer a segurança online.

Jornalista graduado com ênfase em multimídia pelo Centro Universitário Una. Com mais de 10 anos de experiência em jornalismo digital, é repórter do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Antes, foi responsável pelo site da Revista Encontro, e redator nas agências de comunicação Duo, FBK, Gira e Viver.

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