Um pequeno visitante cósmico vem dividindo a trajetória da
Segundo o a reportagem do The New York Times, o 2025 PN7, descoberto neste verão do Hemisfério Norte (inverno no Brasil) pelo observatório Pan-STARRS, da Universidade do Havaí, orbita o Sol quase em sincronia com a Terra, como um carro que segue na mesma faixa de uma rodovia. Estima-se que ele tenha menos de 16 metros de comprimento, embora seu tamanho exato ainda seja incerto, já que a superfície do asteroide reflete pouca luz solar.
Um visitante temporário
Segundo o astrônomo Carlos de la Fuente Marcos, da Universidade Complutense de Madri, autor do estudo que apresentou a descoberta na revista Research Notes of the American Astronomical Society, ainda não se sabe de onde veio o 2025 PN7. Ele pode ser um fragmento ejetado da Lua após um impacto ou um pequeno corpo vindo do cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter.
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Apesar do mistério sobre sua origem, uma coisa é certa: ele não ficará por aqui para sempre. O 2025 PN7 faz parte de um grupo raro de rochas espaciais que seguem, acompanham ou antecedem a Terra em sua órbita solar. As simulações indicam que ele permanecerá próximo do planeta por cerca de 126 anos, antes de ser lançado novamente ao espaço, por volta de 2083.
Mini-luas x quase-luas
A Terra é constantemente visitada por pequenos asteroides. Alguns se tornam mini-luas, objetos que orbitam temporariamente nosso planeta por poucos meses, como o 2024 PT5, que passou por aqui no final do ano passado. Já as quase-luas, como o 2025 PN7, não orbitam a Terra, mas o Sol, mantendo uma relação orbital sincronizada com o planeta por períodos muito mais longos, que podem durar séculos.
Essa estabilidade prolongada faz delas excelentes candidatas para missões espaciais de coleta de amostras. A sonda chinesa Tianwen-2, por exemplo, tem como destino outra quase-lua, a Kamoʻoalewa, de onde pretende trazer fragmentos rochosos de volta à Terra.
Um antigo companheiro
Análises indicam que o 2025 PN7 entrou nessa órbita próxima da Terra em 1957, o mesmo ano em que o satélite soviético Sputnik 1 foi lançado — o marco inicial da era espacial. Em 1980, ele teria se aproximado a cerca de 2,5 milhões de milhas do planeta (dez vezes a distância entre a Terra e a Lua). Em seu ponto mais distante, pode chegar a 11 milhões de milhas.
Vizinhos espaciais
Se as estimativas se confirmarem, o 2025 PN7 pode ser a menor quase-lua já registrada. Os cientistas aguardam novas observações para confirmar o dado. Seja qual for seu tamanho real, a descoberta anima os astrônomos, que veem nesses pequenos asteroides próximos da Terra verdadeiros registros vivos da formação do Sistema Solar.
“É ainda mais interessante quando um deles é capturado e permanece ao nosso redor por um bom tempo”, afirma Federica Spoto, pesquisadora do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica.
Enquanto segue silenciosamente ao nosso lado, o 2025 PN7 lembra que o espaço está longe de ser vazio, e que até mesmo um fragmento minúsculo pode ter uma longa história para contar.