Durante 18 anos, um casal norte-americano investiu em técnicas tradicionais para engravidar, como a
No entanto, as tentativas não tiveram sucesso devido a um diagnóstico de azoospermia. A condição se caracteriza pela ausência de espermatozoides no sêmen ejaculado, o que pode causar infertilidade masculina. Enquanto uma amostra de
Diante dessa limitação, o casal recorreu a uma tecnologia inédita chamada STAR (Sperm Tracking and Recovery), desenvolvida pelo Columbia University Fertility Center.
O que é e como funciona a tecnologia STAR?
Utilizando
A abordagem foi inspirada em algoritmos usados na astrofísica para localizar estrelas e planetas distantes. Segundo Zev Williams, diretor do Columbia University Fertility Center, a técnica combina um chip de microfluídica, câmeras de alta velocidade e IA. O sistema analisa mais de 8 milhões de imagens por hora para localizar e isolar espermatozoides viáveis, sem utilizar produtos químicos agressivos ou lasers.
De acordo com o especialista, a precisão do STAR permite identificar mesmo os espermatozoides mais raros. “[Pacientes com azoospermia] têm, literalmente, dois ou três [espermatozoides em uma amostra]. É como procurar uma agulha num palheiro”, explicou em entrevista à CNN.
Ainda conforme o médico, o sistema não recorre a lasers nem a substâncias que possam danificar a amostra, preservando sua capacidade de fertilização.
Um caso marcante ocorreu quando o STAR identificou 44 espermatozoides em apenas uma hora, em uma amostra que embriologistas haviam classificado como estéril. “Imediatamente percebemos: ‘Uau, isso realmente muda tudo. Isso vai fazer uma grande diferença para os pacientes’”, apontou Williams.
Engravidar é mais uma ação da Inteligência Artificial?
Resultados promissores
Em março de 2025, o casal recorreu à metodologia STAR e conseguiu, após quase duas décadas, alcançar uma gravidez bem-sucedida.
O procedimento consistiu em coletar o sêmen do homem, submetê-lo à análise pelo STAR, identificar três espermatozoides viáveis e, em poucas horas, fertilizar os óvulos por meio da FIV.
O processo foi um sucesso, e o bebê está previsto para nascer em dezembro. “Levei dois dias para acreditar que estava realmente grávida. Ainda acordo de manhã e não consigo acreditar se isso é verdade ou não”, disse ela à CNN.
Potencial e cautela
Embora promissora, a técnica ainda demanda mais estudos e testes em centros especializados. O médico Robert Brannigan, da American Society for Reproductive Medicine, ressalta: “À primeira vista, parece promissor, mas precisamos analisar os dados e realizar mais pesquisas. É fundamental saber se outros centros poderão reproduzir esses resultados.”
Já o médico Gianpiero Palermo alerta que a STAR não resolverá todos os casos de infertilidade masculina, especialmente quando não há qualquer presença de espermatozoides.
Custos e próximos passos
Atualmente, a tecnologia está disponível apenas no Columbia University Fertility Center. Segundo Williams, o custo para a identificação e o congelamento dos espermatozoides gira em torno de US$ 3.000, aproximadamente R$ 16.250.
A equipe responsável pretende expandir os testes da tecnologia para outros tipos de infertilidade masculina, além de explorar seu potencial para selecionar os espermatozoides mais saudáveis ou contribuir na avaliação de óvulos e embriões.