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Sinal de vida fora da Terra? Descoberta em exoplaneta intriga cientistas, mas exige cautela

Presença de composto biológico em planeta a 124 anos-luz reacende debate sobre vida extraterrestre, mas comunidade científica alerta para interpretações precipitadas

A dúvida se existe vida fora da Terra intriga a humanidade há anos

Em meio a avanços tecnológicos e à crescente exploração do espaço, a humanidade mantém uma pergunta fundamental: existe vida fora da Terra?

Em abril de 2025, essa dúvida ganhou novo capítulo com a divulgação de uma descoberta considerada “surpreendente": astrônomos detectaram dimetil sulfeto (DMS) na atmosfera do exoplaneta K2-18b, localizado a 124 anos-luz da Terra, na constelação de Leão. Na Terra, o DMS é um composto gerado exclusivamente por processos biológicos, em especial por fitoplânctons marinhos.

De acordo com o jornal indiano Times of India, a revelação foi recebida como “a mais forte evidência já registrada da possibilidade de vida fora do Sistema Solar”. No entanto, o entusiasmo inicial deu lugar à prudência e pesquisadores pedem calma na interpretação dos dados.

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Embora a presença de DMS seja intrigante, ela não representa uma prova definitiva de vida no planeta. Há a possibilidade de o composto ter origem em processos não biológicos ainda desconhecidos. Novas observações serão fundamentais para esclarecer a real natureza do sinal.

“Foi emocionante, mas imediatamente levantou vários sinais de alerta porque essa afirmação de uma potencial bioassinatura seria histórica, mas também a significância ou a força da evidência estatística pareciam ser muito altas para os dados”, afirmou Luis Welbanks, pesquisador da Universidade Estadual do Arizona.

O que se sabe sobre o planeta K2-18b?

K2-18b é classificado como um planeta “Hycean” - uma ‘super-Terra’, maior e mais massiva que o nosso planeta, orbitando uma estrela anã vermelha chamada K2-18. Sua posição na zona habitável da estrela indica a possibilidade de água líquida em sua superfície, um fator essencial para sustentar a vida como a conhecemos.

Observações feitas com o Telescópio Espacial James Webb detectaram, além do DMS, a presença de metano e dióxido de carbono na atmosfera do planeta — sinais que reforçam a hipótese de um ambiente potencialmente favorável à vida microbiana, em especial devido à existência de um oceano sob a superfície e uma atmosfera rica em hidrogênio.

Mesmo assim, cientistas mantêm a cautela. Como ressaltou o professor Nikku Madhusudhan, da Universidade de Cambridge e autor principal do estudo publicado em abril: “Temos que nos questionar tanto sobre se o sinal é real quanto sobre o que ele significa”.

Desde a publicação do estudo inicial, Madhusudhan e sua equipe têm aprofundado as análises e afirmam ter encontrado reforços para a descoberta. Espera-se que outras equipes científicas se somem à investigação nos próximos meses.

Jornalista graduado com ênfase em multimídia pelo Centro Universitário Una. Com mais de 10 anos de experiência em jornalismo digital, é repórter do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Antes, foi responsável pelo site da Revista Encontro, e redator nas agências de comunicação FBK e Viver.