Desde funções como
Um estudo publicado na JAMA Network identificou uma relação direta entre o acesso a um bom ouvinte e uma maior resiliência cognitiva.
Uma pessoa que é toda ouvidos
O estudo demonstrou que adultos que contam com um ouvinte frequente no dia a dia para oferecer apoio emocional apresentam maior capacidade de manter o funcionamento cognitivo, mesmo diante do envelhecimento cerebral ou de doenças degenerativas, como o
“Consideramos a resiliência cognitiva como um amortecedor contra os efeitos do envelhecimento cerebral e das doenças. Este estudo se soma às evidências crescentes de que as pessoas podem tomar medidas, seja por si mesmas ou por aqueles com quem mais se importam, para aumentar as chances de retardar o envelhecimento cognitivo ou prevenir o desenvolvimento dos sintomas da doença de Alzheimer, algo ainda mais importante considerando que ainda não temos uma cura para a doença”, disse o pesquisador coordenador, Joel Salinas.
Salinas ressaltou que os benefícios do apoio social também se estendem a pessoas com menos de 65 anos. Segundo ele, para cada unidade de perda de volume cerebral, indivíduos entre 40 e 50 anos que contavam com menos ouvintes apresentaram desempenho cognitivo comparável ao de pessoas quatro anos mais velhas do que aquelas que tinham ouvintes frequentes.
“Esses quatro anos podem ser incrivelmente preciosos. Muitas vezes, pensamos em como proteger a saúde do nosso cérebro quando formos muito mais velhos, depois de já termos perdido muito tempo, décadas antes, para construir e manter hábitos saudáveis para o cérebro. Mas hoje, agora mesmo, você pode se perguntar se realmente tem alguém disponível para ouvi-lo e apoiá-lo, e pedir o mesmo aos seus entes queridos. Tomar essa simples atitude dá início ao processo para que você, em última análise, tenha melhores chances de saúde cerebral a longo prazo e a melhor qualidade de vida possível”, disse Salinas.
O estudo
Os pesquisadores analisaram dados de 2.171 participantes do “Framingham Heart Study”, um dos estudos comunitários mais antigos dos Estados Unidos, com idade média de 63 anos. Os voluntários relataram os tipos de apoio social que recebiam, incluindo a presença de alguém que os ouvia, oferecia conselhos e apoio emocional.
A equipe mediu a resiliência cognitiva dos participantes com base no efeito do volume cerebral total sobre a cognição global. Para isso, utilizaram exames de ressonância magnética e testes neuropsicológicos. Como volumes cerebrais menores costumam estar associados a pior desempenho cognitivo, os cientistas observaram como diferentes formas de apoio social influenciavam essa relação.
Eles concluíram que os indivíduos que relataram ter um ouvinte disponível apresentaram maior resiliência cognitiva, mesmo com volumes cerebrais mais baixos. Em outras palavras, o simples fato de contar com alguém disposto a ouvir fez uma diferença significativa no desempenho cognitivo, apesar das limitações físicas do cérebro.
O que você deve fazer
“A solidão é um dos muitos sintomas da
Os pesquisadores destacaram que ainda são necessários mais estudos para entender melhor os mecanismos biológicos que ligam os fatores psicossociais à saúde do cérebro. “Embora ainda haja muito que não compreendemos sobre os caminhos biológicos específicos entre fatores psicossociais, como a disponibilidade de ouvintes, e a saúde cerebral, este estudo fornece pistas sobre razões biológicas concretas pelas quais todos devemos buscar bons ouvintes e nos tornarmos ouvintes melhores”, concluiu Salinas.