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Muiño defende que o amor romântico, ao ser tratado como dependência emocional, constrói relações frustrantes e tóxicas. Ele compara o início da paixão a um “narcótico interno”, que distorce a percepção sobre o outro. “Apaixonar-se faz com que você se concentre apenas no que gosta na outra pessoa. Você não pergunta sobre o resto”, pontua.
Entre os principais mitos que prejudicam as relações, ele destaca o da “cara-metade”, que remonta à filosofia de Platão. A ideia de que existe alguém feito sob medida para nos completar reforça padrões de fusão e dependência emocional. “O mito da cara-metade destrói algo essencial para o amor consciente: a atenção plena”, alerta. “Acredito que o amor não deve nos complementar. Pelo contrário, deve nos fraturar um pouco. Criar um pequeno buraco em nós por onde o outro possa entrar”.
Para construir uma relação sólida, Muiño se apoia no ‘Triângulo do Amor’ proposto pelo psicólogo Robert Sternberg, que define três elementos indispensáveis:
- Intimidade: parceria e amizade profunda, onde o silêncio também é confortável.
- Paixão: desejo, conexão física e afeto constante - não apenas sexual.
- Compromisso: planos conjuntos e visão de futuro compartilhada.
“Se faltar alguma dessas três pernas, o que resta pode ser outra coisa, mas não um par”, resume.
Outra proposta do psicólogo é o conceito de “casting emocional": conhecer o outro com clareza antes que a paixão distorça os sinais. Isso envolve fazer perguntas reveladoras já nos primeiros encontros, como “Como terminou seu último relacionamento?”, em vez de idealizações morais.
Muiño não promete fórmulas infalíveis, mas acredita que o amor exige revisão constante: “O amor não se encontra, se constrói. É preciso trabalhar para conquistá-lo”.