Isabel Veloso: médica explica gravidade do quadro da influenciadora

Isabel Veloso passou por um transplante de medula óssea recentemente para cura completa do câncer; médica explica quadro baseado em relato de familiares

Isabel Veloso passou pelo segundo transplante em outubro

Isabel Veloso segue internada em um hospital de Curitiba, no Paraná, após apresentar sintomas como pneumonia e hemorragia no pulmão. Uma médica ouvida pela Itatiaia explicou a gravidade do quadro da influenciadora de 19 anos.

A jovem foi intubada duas vezes em menos de uma semana. Em outubro, ela passou por um transplante de medula óssea em busca da cura completa do câncer.

À Itatiaia, Michele Andreata, médica pneumologista e paliativista, explica a relação do procedimento com o quadro relatado pela família da jovem e como as sequelas do câncer agravam a situação.

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“Pacientes que passam por transplante alogênico de medula óssea têm o sistema imunológico profundamente comprometido, especialmente nos meses que se seguem ao procedimento. Isso os torna mais suscetíveis a infecções pulmonares, como pneumonias graves, além de complicações relacionadas ao próprio enxerto, como a doença do enxerto contra o hospedeiro que pode afetar o pulmão”, explica.

Sobre a hemorragia, ela acrescenta: “O sangramento pulmonar também pode aparecer em cenários de infecções severas, baixa de plaquetas ou inflamações intensas, situações comuns nesse tipo de evolução pós-transplante. Portanto, existe relação entre o transplante alogênico e a predisposição a quadros pulmonares graves como os apresentados pela paciente.”

Entenda mais sobre o quadro de Isabel Veloso

  • Estes sintomas são considerados graves? Por quê?

“Pneumonia associada a sangramento pulmonar representa um quadro de alto risco porque indica que o pulmão está comprometido tanto por infecção quanto por dano estrutural. A presença de sangue dentro das vias aéreas reduz a oxigenação, dificulta a troca gasosa e pode rapidamente levar à insuficiência respiratória. Além disso, sangramentos pulmonares podem evoluir de forma abrupta, exigindo intervenções imediatas para proteger a via aérea e estabilizar o paciente. Em pessoas imunossuprimidas, como as que passaram por transplante, o risco é ainda maior, pois a capacidade de resposta às infecções fica reduzida e a evolução tende a ser mais rápida e agressiva.”

  • A Isabel relatou no passado ter perdido parte do pulmão esquerdo e ter sofrido um derrame pleural após diagnóstico de câncer. Isso piora o estado de saúde dela? Também teria relação com os atuais sintomas?

“Sim. A perda prévia de parte do pulmão reduz a reserva respiratória, ou seja, diminui a capacidade que a pessoa tem de compensar quando surge uma infecção ou qualquer agressão ao sistema respiratório. Já o histórico de derrame pleural pode indicar que o pulmão passou por processos inflamatórios importantes, o que muitas vezes gera aderências, limita a expansão pulmonar e aumenta a vulnerabilidade a novos quadros respiratórios. Somados ao estado de imunossupressão decorrente do transplante e à presença atual de pneumonia e sangramento, esses fatores contribuem para um quadro mais delicado e ajudam a explicar a gravidade da evolução clínica.”

  • Quando é necessário intubar um paciente?

“A intubação é necessária quando o paciente não consegue manter níveis adequados de oxigênio ou quando apresenta risco de perda da via aérea, como ocorre em casos de sangramento, rebaixamento do nível de consciência ou esforço respiratório extremo. O objetivo da intubação é proteger o pulmão, garantir ventilação adequada e permitir que o organismo tenha condições de se recuperar enquanto o tratamento da causa — como infecção, sangramento ou inflamação — é realizado. Em quadros graves como o descrito, a intubação é uma medida essencial para preservar a vida.”

  • Algo que gostaria de acrescentar ou esclarecer?

"É importante reforçar que pacientes com histórico oncológico, cirurgias pulmonares prévias e imunossupressão apresentam maior risco de evoluir com complicações respiratórias sérias. Por isso, qualquer sinal de piora, como febre persistente, falta de ar, tosse com sangue ou queda de saturação, deve motivar avaliação médica imediata. A evolução pode ser rápida e exige acompanhamento especializado. Também é fundamental compreender que a intubação, nesses casos, não representa falha de tratamento, mas sim uma intervenção necessária para garantir suporte vital enquanto a equipe trabalha na estabilização do quadro.”

Quem é Isabel Veloso?

Isabel Veloso ficou conhecida após revelar estar com Linfoma de Hodgkin em estágio terminal aos 17 anos e ter apenas seis meses de vida. Porém, uma gravidez anunciada posteriormente causou mal-estar com o público, que começou a duvidar do seu real estado de saúde.

A influenciadora esclareceu que era paciente em cuidados paliativos e que voltou a fazer tratamento contra a doença por conta do filho. Durante o tratamento, ela anunciou estar em remissão, surpreendendo mais uma vez seus seguidores.

“Desde que me tornei mãe não tinha sequer dimensão do quanto ia querer a vida. Tive um diagnóstico de morte, descobri que ia ser mãe sem ter certeza do meu tempo e sem ter certeza de nada”, afirmou Isabel em uma publicação nas redes sociais. “Já tinha, literalmente, aceitado que ia morrer. Eu mesma me declarei morta”, completou

Patrícia Marques é jornalista e especialista em publicidade e marketing. Já atuou com cobertura de reality shows no ‘NaTelinha’ e na agência de notícias da Associação Mineira de Rádio e Televisão (Amirt). Atualmente, cobre a editoria de entretenimento na Itatiaia.

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