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Casos graves de gripe aumentam em Minas e acendem alerta sobre a saúde respiratória infantil

Defesa Civil alerta para alta de Síndrome Respiratória Aguda Grave; especialistas reforçam importância da vacinação e cuidados com as crianças

Períodos de frio podem ocasionar no aumento de problemas respiratórios para os pequenos

A Defesa Civil de Belo Horizonte emitiu uma mensagem de alerta orientando toda a população — a partir de 6 meses de idade — a se vacinar contra a gripe. A recomendação, divulgada no último sábado (17), vem em um momento crítico para a saúde pública na capital, que decretou situação de emergência respiratória no dia 30 de abril, devido ao aumento de c asos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).

“Belo Horizonte em emergência respiratória! Vacina contra gripe disponível para todos acima de 6 meses. Vá à unidade de saúde!”, dizia o comunicado enviado por mensagem de texto aos celulares cadastrados.

Com a chegada do tempo seco e das baixas temperaturas, cresce também o número de crianças gripadas com sintomas mais intensos, o que preocupa médicos e especialistas.

De acordo com a pneumologista pediátrica Laís Nicoliello, diretora científica da Sociedade Mineira de Pediatria, estamos no período de sazonalidade das doenças respiratórias, quando há maior circulação dos vírus causadores de gripes e resfriados. “Esse ano em especial temos visto um aumento de casos de vírus sincicial respiratório bem como influenza e as crianças, principalmente aquelas menores de 1 ano de idade, representam um grupo de risco”, afirma.

Para os pais, é essencial saber identificar os sinais de alerta. “Uma criança que frequenta escola pode ter em torno de 8 a 10 resfriados por ano. Então é comum elas apresentarem quadro de febre. Entretanto, se apresentarem sinais de alarme como febre que se prolonga por mais de 3 dias ou febre alta que não cede com a medicação, uma febre alta persistente”, explica a médica. Outros sinais graves incluem “desconforto para respirar, quando a gente tem a barriguinha que fica subindo e descendo, quando a gente tem uma retração aqui perto do pescoço, a criança fica com dificuldade para respirar, falta de ar, para de fazer xixi, apresenta manchas no corpo ou apresenta crise convulsiva”, completa. Nestes casos, a orientação é buscar atendimento médico imediatamente.

A médica reforça que “os extremos de idade, crianças pequenas e idosos, representam um grupo de risco, tanto para as doenças respiratórias, quanto para as suas formas mais graves”. Crianças menores de 5 anos, especialmente as com menos de 1 ano, estão entre as mais vulneráveis.

Vacinação

Além do atendimento especializado para síndromes gripais, os centros de saúde de Belo Horizonte disponibilizam a vacina contra a gripe para toda a população. O objetivo da Secretaria Municipal de Saúde é imunizar cerca de 90% dos habitantes da capital. Até agora, os idosos são o grupo que mais tem buscado a imunização.

Laís reforça: “A prevenção é o melhor remédio. É importante a orientação quanto à lavagem correta das mãos. Evitar aglomerações, shopping, ônibus, shows, né? Tudo que é aglomerado de pessoas não é interessante, porque isso facilita a propagação dos vírus respiratórios e lembrar a importância da necessidade de manter o cartão vacinal atualizado”.

Ela também alerta sobre a queda nas coberturas vacinais no Brasil nos últimos anos. “Isso faz com que a gente tenha maior circulação desses vírus e promovendo uma maior circulação deles e adoecimento da população.” Atitudes simples, como boa higiene das mãos, atividades ao ar livre e o uso de máscaras por quem está gripado, também são medidas eficazes.

Quando retornar à escola?

Sobre o retorno à escola, a médica recomenda cautela. “Crianças que apresentam sintomas gripais não devem voltar à escola, principalmente para não transmitir para os demais colegas”. A recomendação é de que o retorno aconteça apenas após o paciente estar afebril e e com ao menos três dias desde o início dos sintomas, sempre com avaliação médica.

Circulação viral e aumento de casos graves

O infectologista Adelino Melo Freire, presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, confirma o aumento no número de casos em 2025. “O que nós temos visto é um número maior de pessoas adoecendo, em função da maior circulação viral. Com isso o número de casos graves também tende a ser maior.”

Para ele, a vacinação é uma aliada fundamental: “Porque a vacina reduz o risco de adoecer com influenza e principalmente porque a vacina reduz o risco de agravamento da doença.” E completa: “A relação é direta: quanto maior o número de pessoas sem imunização, maior o número de pessoas que vão adoecer pelo vírus e, consequentemente, maior o número com casos graves.”

Além da vacinação, ele destaca medidas preventivas indispensáveis: “Higienizar as mãos, usar máscaras em situações de maior risco de transmissão, buscar atendimento na presença de sintomas e evitar circular enquanto estiver doente, para não contribuir para a transmissão do vírus.”

* Sob supervisão de Rômulo Ávila

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Izabella Gomes é estagiária na Itatiaia, atuando no setor de Jornalismo Digital, com foco na editoria de Cidades. Atualmente, é graduanda em Jornalismo pela PUC Minas