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Risco cardiovascular causa declínio mental mais cedo em homens, aponta estudo

Levantamento britânico reforça a importância de tratar fatores de risco, como obesidade, diabetes e colesterol alto

Risco cardiovascular causa declínio mental mais cedo em homens, aponta estudo

Homens com fatores de risco cardiovascular, como obesidade, hipertensão, colesterol alto e diabetes, podem apresentar sinais de envelhecimento cerebral até uma década antes das mulheres. É o que mostra um estudo publicado no Journal of Neurology, Neurosurgery & Psychiatry, conduzido por pesquisadores do Imperial College London e da Universidade de Cardiff, no Reino Unido.

A pesquisa analisou dados de quase 35 mil adultos, com idades entre 45 e 82 anos, que fazem parte do Biobanco do Reino Unido — uma das maiores bases de dados de saúde do mundo. Os participantes foram submetidos a exames de ressonância magnética para avaliação da estrutura cerebral, além de terem seus riscos cardiovasculares estimados com base em parâmetros como idade, pressão arterial, níveis de colesterol, diabetes e tabagismo.

Os resultados mostraram que, entre os homens, o risco cardiovascular elevado e a obesidade estavam associados a uma redução do volume cerebral já entre os 55 e 64 anos. Nas mulheres, alterações semelhantes surgiram apenas entre os 65 e 74 anos. A principal região afetada foi o lobo temporal, área do cérebro responsável por funções como memória e linguagem.

“Hoje sabemos que fatores de risco cardiovascular, como hipertensão, colesterol alto, obesidade e diabetes, também contribuem para o desenvolvimento da demência”, explica a geriatra Thais Ioshimoto, do Hospital Israelita Albert Einstein. Segundo a especialista, essas condições favorecem a formação de placas de gordura nas artérias cerebrais, o que pode causar microinfartos e comprometer a cognição a longo prazo.

Os autores destacam que os homens parecem ser mais vulneráveis a esses efeitos mais cedo, possivelmente por conta da proteção hormonal que as mulheres mantêm até a menopausa. Para Ioshimoto, isso reforça a necessidade de uma atuação preventiva desde a meia-idade. “Adotar bons hábitos de vida e controlar esses fatores antes dos 50 anos é essencial para evitar lesões cerebrais e reduzir o risco de doenças neurodegenerativas como o Alzheimer”, orienta a médica.

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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), já trabalhou na Record TV e na Rede Minas. Atualmente é repórter multimídia e apresenta o ‘Tá Sabendo’ no Instagram da Itatiaia.