Um fato curioso movimentou a internet nesta semana em todo o mundo. Um músico, de 64 anos, tocou violão durante uma cirurgia na cabeça para retirada de um tumor. O procedimento teve oito horas de duração e aconteceu em 2023, mas o caso só foi divulgado nesta semana, De acordo com Colin Miller, para não perder a mobilidade da mão e dedos, ele levou o violão, foi acordado no meio da cirurgia e tocou várias músicas. Um ano após a cirurgia, ele está bem.
Mas como isso é possível? De acordo com Felipe Mendes, médico neurocirurgião, membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, durante o procedimento, o paciente é mantido acordado somente com anestesia local na região do couro cabeludo. “O cérebro em si não sente dor devido à ausência de receptores nociceptivos. Ele pode realizar atividades como tocar violão porque os neurocirurgiões estimulam e monitoram áreas específicas do cérebro para evitar lesões nas regiões funcionais. Ao executar uma atividade complexa, como tocar um instrumento, é possível mapear com maior precisão as áreas cerebrais envolvidas no movimento fino e na coordenação motora, garantindo que a ressecção do tumor não comprometa essas funções”.
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Segundo o médico, o paciente foi submetido a uma craniotomia para a ressecção de um tumor cerebral. “Este tipo de procedimento é utilizado em casos em que o tumor está localizado próximo às áreas críticas do cérebro, como as relacionadas à motricidade, à fala ou a outras funções sensoriais. A técnica, conhecida em inglês como ”awake craniotomy”, permite monitorar as funções neurológicas em tempo real, reduzindo o risco de danos permanentes”, detalha.
O neurocirurgião ainda destaca que, tocar violão durante a cirurgia não impacta diretamente na recuperação, mas desempenha um papel fundamental na proteção das funções neurológicas durante o procedimento. “Ao fornecer um feedback em tempo real sobre a integridade funcional das áreas motoras e sensoriais, os médicos conseguem preservar habilidades motoras essenciais, como tocar o instrumento. Este cuidado reduz os riscos de déficits pós-operatórios, promovendo uma recuperação mais eficiente e preservação da qualidade de vida do paciente”, conclui Felipe Mendes, médico neurocirurgião, membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia.