Com a maior quantidade de automóveis no mundo, São Paulo é uma das cidades com a pior qualidade do ar. E, segundo pesquisadores da Universidade de São Paulo, a qualidade ruim do ar causa até mesmo piora na qualidade do sono dos moradores da cidade.
A equipe de pesquisa da professora Regina Markus encontrou relações entre respirar o ar poluído e a produção desregulada da melatonina, o hormônio que provoca o sono. O pulmão, quando é agredido por uma partícula poluente, libera macrófagos alveolares, que ‘engolem’ a agressora a fim de impedir que ela caia na corrente sanguínea e se espalhe pelo corpo. Esses macrófagos formam um catarro escuro, que expelido na tosse ou nos espirros.
Porém, não é em todas as pessoas que isso acontece. Em algumas pessoas, os macrófagos não são estimulados, portanto, as partículas entram na corrente sanguínea pelo pulmão, piorando a qualidade e regulação do sono.
“Isso causa uma série de reações nos pinealócitos, células da glândula pineal, que ‘ligam o sinal de alerta’ e impedem as enzimas que produzem melatonina. É uma relação de causa e efeito: partículas de diesel na corrente sanguínea, a pineal não produz melatonina à noite,” explica a professora.
O número excessivo de carros na cidade de São Paulo, além de contribuir para os gases poluentes, também causa o aumento do estresse. Por isso, para Paulo Saldiva, da USP, a situação é complexa e passa por diversos fatores.
“Eu não tenho dúvida que nós temos que reduzir a necessidade de mobilidade. Quando você concentra uma cidade e desloca a pessoa para longe do seu trabalho, ela vai ter que se movimentar, por vezes passando quatro horas por dia no transporte. É preciso não só reduzir as emissões do transporte, mas também reduzir a necessidade de transporte motorizado”, concluiu.