A reportagem da Itatiaia conversou com Caio Ribeiro, Coordenador de Cardiologia do Hospital Vila da Serra, que esclareceu do que se trata a doença, sintomas, tratamentos e cuidados após diagnóstico.
“Miocardite aguda é uma inflamação do músculo do coração, o miocárdio, que pode ocorrer devido a infecções virais (como o vírus da gripe ou o SARS-CoV-2), bactérias, doenças autoimunes, reações a medicamentos ou até mesmo intoxicações. Essa inflamação prejudica a capacidade do coração de bombear sangue adequadamente, podendo causar sintomas como cansaço extremo, dor no peito, falta de ar, palpitações e, em casos mais graves, insuficiência cardíaca”, explica.
Sobre a gravidade, ele destaca: "é considerada uma condição potencialmente grave, pois, em casos severos, pode levar a complicações como arritmias, insuficiência cardíaca aguda e até morte súbita, especialmente se não tratada adequadamente.”
Como é feito o diagnóstico?
“O diagnóstico da miocardite aguda envolve uma combinação de avaliação clínica, exames laboratoriais e de imagem. Inicialmente, o médico investiga os sintomas relatados pelo paciente e realiza um exame físico detalhado. Exames de sangue são feitos para detectar sinais de inflamação e possíveis infecções virais. O eletrocardiograma (ECG) é utilizado para avaliar alterações na atividade elétrica do coração. Além disso, exames como ecocardiograma, ressonância magnética cardíaca e, em alguns casos, uma biópsia do músculo cardíaco são importantes para confirmar o diagnóstico e avaliar a extensão do comprometimento cardíaco”.
Quais são os tratamentos?
“O tratamento depende da gravidade da miocardite. Casos leves podem ser tratados com repouso e medicamentos para controlar os sintomas, como anti-inflamatórios e medicamentos para proteger o coração (inibidores da ECA, beta-bloqueadores, por exemplo). Nos casos mais graves, em que há insuficiência cardíaca ou arritmias, é necessário tratamento hospitalar, que pode incluir medicamentos intravenosos e, em situações extremas, suporte com dispositivos mecânicos para ajudar o coração a bombear sangue ou até mesmo transplante cardíaco”.
Tem cura?
“Sim, a miocardite aguda pode ter cura, especialmente quando diagnosticada e tratada precocemente. Muitos pacientes se recuperam completamente após algumas semanas ou meses de tratamento e repouso. No entanto, alguns casos podem evoluir para formas crônicas, levando a danos permanentes no coração, como dilatação e insuficiência cardíaca, exigindo tratamento contínuo. A recuperação e a cura dependem da causa da miocardite e da rapidez com que o tratamento é iniciado”.
É possível ter uma vida normal?
“Sim, muitos pacientes conseguem retomar uma vida normal após a recuperação, especialmente aqueles que tiveram um quadro leve ou moderado e receberam tratamento adequado a tempo. Para aqueles que apresentam sequelas, pode ser necessário fazer ajustes no estilo de vida, como evitar exercícios intensos e seguir rigorosamente o tratamento médico. O acompanhamento cardiológico regular é fundamental para garantir que o coração esteja funcionando bem e para prevenir complicações a longo prazo”.
Algo que gostaria de acrescentar ou esclarecer?
“Gostaria de reforçar a importância de prestar atenção aos sinais do corpo, como cansaço excessivo, dor no peito ou falta de ar, especialmente após uma infecção viral, como gripe ou COVID-19. Se esses sintomas surgirem, é essencial procurar ajuda médica imediatamente, pois a intervenção precoce é crucial para o sucesso do tratamento. A miocardite é uma condição que, quando identificada e tratada a tempo, pode ser revertida, permitindo que o paciente retome uma vida saudável”.