Pelo menos 74 municípios goianos possuem surtos ativos de Doença Diarreica Aguda atualmente e o principal causador, de acordo com a Secretaria Estadual da Saúde (SES-GO), é o rotavírus. Ainda segundo a pasta, 12.205 registros da doença foram relatados. Já os casos isolados de diarreia, há 160.417 em todos os municípios em 2024.
De acordo com o Ministério da Saúde, o rotavírus é um dos principais agentes virais causadores das doenças diarreicas agudas (DDA) e corresponde a um grupo de doenças infecciosas gastrointestinais, caracterizadas por uma síndrome em que há ocorrência de no mínimo três episódios de diarreia aguda em 24 horas. O quadro consiste na diminuição da consistência das fezes e aumento do número de evacuações, podendo ser acompanhado de náusea, vômito, febre e dor abdominal.
A reportagem conversou com a médica infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, Rosana Richtmann, que explicou sobre o vírus. “O rotavírus é um vírus que causa basicamente uma diarreia, ele é até conhecido como o vírus da diarreia. Ele é excretado pelas fezes de crianças, adultos e ele pode entrar através da nossa boca, ou seja, a gente chama isso de transmissão oral fecal.” começou explicando ela.
Pessoas de todas as idades são suscetíveis à infecção por rotavírus, no entanto, a gastroenterite, ou seja, a manifestação clínica, é mais prevalente em crianças menores de cinco anos. Recém-nascidos normalmente têm infecções mais leves ou assintomáticas, provavelmente devido à amamentação e aos anticorpos maternos transferidos pela mãe.
Segundo a Secretaria de Saúde de Goiás, a principal suspeita das causas do surto é de contaminação da água e por rotavírus. A pasta coletou amostras de água, que apresentaram uma bactéria chamada Escherichia coli, o que a torna imprópria para o consumo.
Como acontece a transmissão do Rotavírus?
O Rotavírus (rotavirose) é transmitido pela via fecal-oral, quando acontece o contato pessoa a pessoa, ingestão de água e alimentos contaminados, contato com objetos contaminados, e propagação aérea por aerossóis). Ele é encontrado em altas concentrações nas fezes de crianças infectadas.
O período de incubação é de dois dias, em média. Quanto à transmissibilidade, excreção viral máxima acontece nos 3° e 4º dias a partir dos primeiros sintomas. Apesar disso, é possível detectar rotavírus nas fezes de pacientes mesmo após a completa resolução da diarreia.
Ainda conforme a infectologista, é preciso ficar atento aos sintomas.
“Em termos de sintomas o que mais chama atenção é diarreia, principalmente em vários episódios por dia. Ele pode ser desde um quadro mais leve, mas também associado a vômitos, febre até casos muito mais graves que por tanta diarreia e vômito podem levar à desidratação e necessidade de hospitalização e inclusive em alguns casos morte”, alertou ela.
Conforme a médica Rosana Richtmann, a vacinação infantil é a principal forma de combater o rotavírus, além da hidratação.
“Infelizmente nós não temos um tratamento específico para o vírus. O que temos é um tratamento para deixar o paciente hidratado e aliviar os sintomas. Então a melhor forma da gente combater o rotavírus é através da prevenção, desde hábitos simples de higienização, do ambiente, das mãos e principalmente através da vacinação. Ela é uma das primeiras vacinas que entram no calendário das crianças e essa vacina, sim, consegue uma proteção por longo período. Um alerta vai para as pessoas infectadas que estejam com o quadro clínico de diarreia, evitem tanto frequentar escolas, quanto o ambiente de trabalho”, finaliza ela.
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Prevenção da DDA (Doenças Diarreicas Aguda)
A DDA é uma doença que pode ser prevenida e controlada com medidas simples de higiene, saneamento básico e uso de máscara, e ainda:
- Lavar as mãos com frequência, principalmente antes das refeições e após usar o banheiro.
- Consumir água tratada e alimentos bem cozidos.
- Manter os alimentos em locais adequados e protegidos de insetos.
- Buscar atendimento médico em caso de sintomas como diarreia, vômitos, febre e dor abdominal.