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O que é Anomalia de Ebstein? Entenda a doença da filha de Juliano Cazarré

Maria Guilhermina foi diagnosticada com Anomalia de Ebstein ainda dentro da barriga da mãe

Maria Guilhermina completa 2 anos no dia 21 de junho

Maria Guilhermina, filha de Juliano Cazarré e Letícia, possui Anomalia de Ebstein, uma cardiopatia congênita rara, descoberta ainda no pré-natal. No próximo dia 21, a criança completa 2 anos de idade.

À época, o ator explicou: “Ao longo da gestação, os médicos perceberam que o caso dela seria um dos mais raros e graves dentro da anomalia e, por isso, decidimos vir para São Paulo para que ela pudesse nascer com a equipe mais especializada.”

Assim que nasceu, a pequena passou por uma cirurgia imediata para “um reparo importante no coração”, e o ator relatou que o procedimento foi um sucesso.

A pequena passou por várias cirurgias e ficou internada por sete meses logo após o nascimento.

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O que é Anomalia de Ebstein?

Em entrevista à Itatiaia, Gustavo Foronda, cardiologista Pediátrico do Hospital Israelita Albert Einstein, explica que a Anomalia de Ebstein é “uma má-formação do coração que acontece nas oito primeiras semanas de gestação”.

A anomalia é caracterizada “por uma má-formação de uma válvula que fica entre o átrio direito e o ventrículo direito, que se chama válvula tricúspide”.

Ou seja, a doença acomete todo esse lado do coração. “Classicamente a gente vê a alteração mais importante, que é a alteração da válvula tricúspide, mas que leva a disfunção desse ventrículo direito”, explica.

Desta forma, o sangue que deveria passar do átrio direito através dessa válvula para o ventrículo direito se torna insuficiente. “Então o sangue ao invés de ir do ventrículo direito para a artéria pulmonar, grande parte dele volta pela válvula tricúspide. Ou seja, a gente tem uma insuficiência dessa válvula tricúspide”, esclarece.

O médico acrescenta: “Quanto maior essa insuficiência e disfunção dessa válvula, essa displasia da válvula, maiores são os sintomas que essa criança vai enfrentar. Então a Anomalia de Ebstein tem uma gama muito grande de apresentações clínicas, desde casos leves que não vão precisar de uma cirurgia de imediato, vão poder ser acompanhados clinicamente e ter uma vida quase que normal, até casos muito graves, onde você precisa fazer uma abordagem logo no período neonatal, logo que a criança nasce”.

Gustavo Foronda destaca que tudo vai depender dessa válvula, do grau de insuficiência dela e de como funciona o ventrículo direito.

Diagnóstico

A Anomalia de Ebstein é diagnosticada por meio de ecocardiograma pós-natal ou fetal - dentro do período intraútero. Quando se descobre a anomalia antes do parto, isso auxilia na programação do nascimento da criança, dos casos leves aos mais graves.

“Se não feito o exame no período fetal, o ecocardiograma pós-natal faz o diagnóstico e a suspeita é feita através da ausculta com sopro muito evidente dessa insuficiência tricúspide. Ou através de sintomas, principalmente o cansaço, a dificuldade de ganho de peso e uma sudorese intensa”, diz o médico.

Tratamento

Conforme Gustavo Foronda, o tratamento pode ser clínico ou cirúrgico, isso depende da gravidade da doença. “Quando os casos são mais leves, a gente consegue muitas vezes controlar clinicamente essa criança, com algumas medicações que vão ajudar no funcionamento desse coração. Mas, na maioria das vezes, a Anomalia de Ebstein é cirúrgica”, afirma.

“Nos casos mais leves a gente consegue aguardar para operar no momento oportuno, onde a gente faz uma plástica, uma plastia dessa válvula, então a gente consegue recuperar essa válvula nativa fazendo uma cirurgia de correção. Nos casos mais severos, muitas vezes, você precisa de procedimentos mais complexos desde o período neonatal, e, nos piores casos, muitas vezes, você não vai conseguir fazer uma plastia desta válvula e vai precisar de uma troca valvar com implantes de uma prótese”, acrescenta.

A criança pode ter uma vida normal?

O médico responde: “Dependendo da gravidade do caso e, claro, dependendo do resultado cirúrgico, sim, essa criança pode ter uma vida normal ou quase que normal”, explica Foronda.

“O que a gente objetiva sempre com qualquer cardiopatia congênita é que a gente consiga, seja com tratamento clínico ou com cirúrgico, que essa criança tenha uma vida, se não normal, muito próxima disso”, afirma.

O médico encerra com um alerta: "É muito importante que o diagnóstico seja o mais precoce possível. Idealmente já no período fetal com a realização do ecocardiograma, que permite com que essa criança seja totalmente bem planejada em termos de parto, em termos de programação de tratamento, seja cirúrgico ou clínico, que essa família seja preparada emocionalmente e acolhida para todo o processo que ela vai viver”.


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Patrícia Marques é jornalista e especialista em publicidade e marketing. Já atuou com cobertura de reality shows no ‘NaTelinha’ e na agência de notícias da Associação Mineira de Rádio e Televisão (Amirt). Atualmente, cobre a editoria de entretenimento na Itatiaia.