Pouco mais de sete meses após ser baleado na cabeça, precisando passar por três cirurgias, Rinaldo Amaral, o Mingau, da banda Ultraje a Rigor, segue internado tratando uma infecção. Conforme divulgado pelo Hospital São Luiz, onde o músico foi readmitido em fevereiro, ele será submetido a uma nova cirurgia nas próximas semanas: uma cranioplastia, para reconstrução do crânio.
O procedimento será feito para auxiliar na recuperação do cérebro do baixista, e já havia sido anunciado pela filha dele, Isabella Aglio. “Será colocada uma prótese na área do osso que foi destruída pelo ferimento e para o tratamento”, explicou a influenciadora, filha única do artista. Após essa etapa, é esperado que ele retorne para uma clínica de retaguarda para reabilitação.
Entre as cirurgias às quais Mingau já foi submetido está a craniectomia. Segundo o neurocirurgião do grupo Oncoclínicas Dr. Baltazar Leão, o procedimento é realizado normalmente em casos de “doenças agudas ou traumas intracranianos”, como é o caso do músico que teve um trauma por projétil de arma de fogo e busca controlar a pressão intracraniana do paciente.
“Nos casos de traumatismo cranioencefálico grave, você pode ter ali uma alteração do sistema de regulação do fluxo sanguíneo cerebral, ou alguma outra lesão que pode dar um inchaço muito grande no cérebro”, esclareceu o médico-cirurgião Sérgio Cancado, professor da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais e Médico do Corpo Clínico do Hospital Felício Rocho. “O que você faz é retirar parte do osso para poder ganhar mais espaço e o cérebro poder expandir sem comprimir estruturas vitais. Porque, se elas forem comprimidas, o paciente não vai sobreviver”.
Conforme Leão, a craniectomia "é realizada em casos muito extremos, quando todas as medidas anteriores não funcionaram. É um procedimento relativamente simples, realizado em casos muito graves”, o que inclui o do baixista do Ultraje a Rigor. Conforme revelado pela filha de Mingau, durante o primeiro mês de internação, médicos sequer sabiam se ele iria sobreviver.
Cranioplastia é ‘próximo passo’
Após a recuperação do paciente que foi submetido a craniectomia, o próximo passo considerado por neurocirurgiões é a cranioplastia. “Todo paciente que precisou retirar a tábua óssea, depois de contornadas todas as situações, precisa ser feita a reconstrução. Essa reconstrução é chamada de cranioplastia: a colocação ou reposição desta placa óssea”, explicou o especialista que atua pelo Grupo Oncoclínica.
“Quando fazemos a retirada de uma parte grande do osso craniano, o funcionamento cerebral pode ser modificado. Isso porque a pressão atmosférica começa a influenciar no tecido cerebral. Antes o crânio protegia, agora só tenho pele e as meninges. Isso pode atrapalhar o funcionamento e a drenagem de um líquido que a gente tem dentro do cérebro, que é o líquor”, destacou Cancado.
Ainda conforme o neurologista e professor, a cranioplastia é o “grupo de procedimentos utilizados para reconstrução da calota craniana, utilizando o osso do próprio paciente ou materiais sintéticos”. No caso de Mingau, uma prótese irá substituir o osso, mas o material não foi revelado pela equipe médica que cuida do caso do músico, nem pela família ou amigos que divulgam atualizações sobre o estado de saúde dele.
Quais os riscos da operação?
A cranioplastia foi definida pelo neurocirurgião Baltazar Leão como uma operação de “baixa complexidade”, apesar de precisar de alguns cuidados específicos. “Há um risco de infecção, principalmente em caso de prótese não-biológica. Quando a gente utiliza essas próteses, precisamos pensar que ali não tem vascularização, o antibiótico não chega lá por veias e artérias”, destacou o médico.
“A cranioplastia ajuda muito na recuperação do paciente, porque ela devolve aquele sistema de pressão adequada dentro do crânio”, acrescentou. “Para o cérebro, tem mais benefícios do que riscos, mas é um procedimento cirúrgico. Um detalhe que a gente sempre fica preocupado quanto à chance de infecção”, destacou sobre a cirurgia.
O também neurocirurgião Sérgio Cancado afirmou que a colocação de prótese craniana apresenta riscos “assim como qualquer procedimento cirurgico” e, entre eles, destacou a possibilidade de sangramento, infecção e até de complicações tardias. “Não fazer também traz riscos, mais chances de machucar o cérebro”, complementou o médico que atua no Hospital Felício Rocho.
Como está Mingau?
Rinaldo Oliveira Amaral, mais conhecido pelo apelido de Mingau, segue internado no Hospital São Luiz, em São Paulo. O último boletim médico sobre o quadro do músico foi divulgado na quinta-feira (4), trazendo a confirmação de que a cranioplastia é o próximo passo no tratamento e recuperação do músico que foi baleado na cabeça.
“O paciente segue internado, com boa evolução e quadro clínico estável. Mingau deve passar por um novo procedimento cirúrgico (cranioplastia), porém ainda sem data prevista, e segue recebendo toda a assistência multiprofissional necessária”, relatou a equipe de assessoria da unidade médica.
Nova internação e atualizações da família
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Isabella Aglio, filha do músico, atualizou
Conforme o último boletim médico divulgado pelo Hospital São Luiz Itaim, o artista “segue internado, com quadro clínico estável, em tratamento para quadro infeccioso”. O baixista de 56 anos foi baleado na cabeça em setembro e trata uma nova infecção, pouco mais de um mês após ser hospitalizado com um problema pulmonar.