O músico Rinaldo Amaral, mais conhecido como Mingau, do grupo Ultraje a Rigor, passou quase 130 dias hospitalizado após ser baleado na cabeça e recebeu alta nessa segunda-feira (8). Durante a internação, marcada por mobilizações da família e amigos do baixista, ele foi submetido a três cirurgias e enfrentou uma infecção pulmonar.
Mingau foi baleado na cabeça
O músico passava de carro pelo bairro Ilha das Cobras, em Paraty, no Rio de Janeiro, quando foi atingido por um disparo de arma de fogo. No trajeto com destino à São Paulo, Mingau estava passando pela Praça do Ovo, região conhecida pelo tráfico de drogas, em uma picape escura com película nos vidros - que foi atingida por disparos. Até o momento, quatro dos cinco suspeitos foram detidos.
Transferência de hospital
Mingau deu entrada no Hospital Municipal Hugo Miranda, no Rio de Janeiro, às 22h39 de 2 de setembro, com um caso grave de ferimento causado por projétil de arma de fogo no crânio. Pela falta de um neurocirurgião na unidade, familiares e amigos conseguiram um helicóptero com UTI móvel que levou o músico ao Hospital São Luiz do Itaim, em São Paulo.
Três cirurgias
O músico foi submetido a uma cirurgia intracraniana em 3 de setembro, mesma data em que completou 56 anos. O procedimento de emergência foi realizado pelo Dr. Manoel Jacobsen Teixeira e durou 3h30. Após a operação, o quadro de Mingau ainda era definido como grave e médicos do artista ainda não se pronunciavam a respeito de possíveis sequelas.
O baixista do Ultraje a Rigor foi submetido a um novo procedimento em 7 de setembro. A segunda cirurgia de Mingau foi uma craniectomia descompressiva, procedimento que tem como finalidade auxiliar no controle da pressão intracraniana. A operação durou 2h56, conforme divulgado pelo hospital à época. Após o procedimento, ele continuou sedado e em ventilação mecânica.
Rinaldo Amaral passou por uma terceira cirurgia dias depois, em 11 de setembro. Na ocasião, foi realizada uma traqueostomia (abertura frontal da traqueia com inserção de cânula, segundo divulgado pelo hospital). O paciente seguia respirando com ajuda de aparelhos, mas a equipe da unidade médica já reduzia gradativamente os sedativos do músico.
Fim da sedação e primeiro abrir de olhos
Ainda na UTI, Mingau estava com quadro estabilizado quando a sedação foi completamente retirada pela equipe do hospital em 17 de setembro. Sem os remédios que mantinham o músico dormindo, ele abriu os olhos pela primeira vez após ser baleado três dias depois, em 20 de setembro. Na ocasião, o hospital explicou que ele estava em processo de “desmame” da ventilação mecânica.
Conforme informações da equipe médica, a recuperação do baixista do Ultraje a Rigor foi “lenta e gradual”. Cerca de um mês após ser baleado, atualizações davam conta de que o músico já interagia com a família através do piscar dos olhos. Segundo boletim liberado em 18 de outubro, Mingau recebia suporte fisioterapêutico e passava períodos do dia sentado.
Mingau mexe o dedo em vídeo emocionante divulgado pela filha
Infecção pulmonar
Cerca de 75 dias após ser internado, em 17 de novembro, Mingau foi diagnosticado com uma infecção pulmonar. A doença definida pela equipe como “comum em casos de internação prolongada” foi tratada com antibióticos. Na ocasião, o quadro do músico seguia estável e a alta médica do músico já era prevista para “próximas semanas”.
Vaquinha
Em novembro, dois meses após a hospitalização do músico, a família abriu uma vaquinha online para pedir ajuda com o tratamento. A filha, Isabella Aglio, comentou que foram surpreendidos com a conta do hospital. No total da meta de R$ 600 mil, a ajuda cobre R$ 319.020 mil nas despesas médicas nas duas cirurgias - cirurgião, assistente, anestesista, e equipe clinica -, cadeira de rodas de R$ 15 mil, luvas de reabilitação robô por R$ 3mil e o que for arrecadado a mais será usado na terceira cirurgia para colocação de prótese que deverá ocorrer até março.
Pouco mais de três meses internado, Mingau ganhou uma cadeira de rodas. O presente foi exibido pela filha. “Mais uma vez, obrigada por tudo”, escreveu ela. A empresa já havia prometido presentear o baixista do “Ultraje a Rigor”, quando Isabella participou do “The Noite”, programa comandado por Danilo Gentili, no SBT, que a banda Ultraje a Rigor fazia parte. Além da cadeira, a empresa doou também R$ 10 mil para ajudar no pagamento das despesas e tratamento do músico.
De acordo com o boletim médico, Mingau deixou a unidade sem sedação, respirando espontaneamente e com boa evolução no quadro neurológico. “O paciente deu entrada no dia 3/9/2023 na unidade e recebeu toda a assistência multiprofissional necessária. Passou por três procedimentos cirúrgicos e, após tratamento de um quadro infeccioso, reuniu condições de alta com segurança. O paciente deixa o Hospital São Luiz do Itaim sem sedação, respirando espontaneamente e com boa evolução do quadro neurológico.”
Maria Clara Lacerda é jornalista formada pela PUC Minas e apaixonada por contar histórias. Na Rádio de Minas desde 2021, é repórter de entretenimento, com foco em cultura pop e gastronomia.
Natasha Werneck é jornalista formada pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH). Foi repórter de Política e Cultura do Jornal Estado de Minas e já atuou em portais como Hugo Gloss e POPline. Foi estagiária da Itatiaia e retornou à empresa em 2023, como repórter de Entretenimento.