O Painel de Arboviroses do Ministério da Saúde, atualizado nessa quarta-feira (20), indica que o Brasil soma, neste ano, 1.978.372 milhões de casos (prováveis ou confirmados) de dengue.
Em menos de três meses, 2024 se tornou o ano com maior número incidência da doença na história do Brasil - ultrapassando 2015, com 1,6 milhão. A série histórica começou em 2000.
Em entrevista a Itatiaia, o infectologista Unaí Tupinambas, professor da Faculdade de Medicina da UFMG, avalia que o Brasil deve ultrapassar a marca de 2 milhões de casos de dengue no próximo mês de abril.
Quais os motivos da alta histórica?
Segundo o infectologista da UFMG, a alta histórica da dengue no Brasil está relacionado a “interiorização” da dengue nas pequenas/médias cidades brasileiras, muitas vezes, localizadas em zonas rurais.
“Até então, a gente percebia que o número de casos dengue era maior em cidades acima de 100 mil habitantes. Agora tem se visto que todas as cidades, mesmo as pequenas, também tem apresentado quadro de dengues”, explicou Unaí Tupinambas a Itatiaia.
Ele explica que quadro de saúde inédito se deve, entre outros fatores, a maior mobilidade de pessoas, que ao longo do período da pandemia de COVID-19 (2020-2022) estavam circulando menos pelo país devido ao risco de contaminação.
O professor da UFMG afirma que a circulação dos quatro sorotipos de dengue, ao mesmo tempo, no Brasil também influencia o recorde de casos.
A tendência possibilita que uma pessoa seja infectada mais de uma vez, aumentando inclusive a probabilidade do desenvolvimento de casos graves da doença, segundo ele.
A circunstância está relacionada a natureza cíclica da epidemia de dengue, que geralmente tem um “surto” a cada três anos, conforme explicou Unaí Tupinambá.
“Existe um surto num determinado ano, com uma contaminação de generalizada. Daqui a pouco, a população fica, de certa forma protegida(com os anticorpos), nos primeiros seis meses a um ano de todos os sorotipos (da dengue)”, descreveu.
As altas de dengue foram registradas no Brasil em 2015, 2019 e 2024. A quebra no ciclo trienal está relacionado a pandemia de COVID-19 e pode ter influenciado a alta histórica, com maior número de pessoas susceptíveis e mais sorotipos da dengue circulando entre a população.
Por fim, Unaí Tupinambas aponta a influência das mudanças climáticas, com o fenômeno do El Niño e do aquecimento global, na proliferação do mosquito Aedes aegypti, vetor da dengue.
O “Dia D” de combate a dengue acontece nesse sábado (23) em Minas Gerais.
A Sec. de Saúde do Estado informou que apenas 1 a cada 4 crianças, entre 10 a 14 anos, foram vacinadas contra dengue até o momento.
Veja os municípios de Minas que podem vacinar contra a dengue!