O algoritmo não é um vilão misterioso. Ele é um espelho. Ele reflete, com precisão, o que as pessoas fazem e querem. Em tempos de rolagens infinitas e janelas de atenção cada vez menores, não há espaço para mensagens que não dialogam com quem está do outro lado da tela.
O algoritmo trabalha para quem?
Certa vez, em uma entrevista, a especialista em comportamento digital Sherry Turkle, autora de Alone Together, disse que “a tecnologia apenas amplifica o que somos”. Essa frase me acompanha sempre que penso no papel dos algoritmos. Eles não foram criados para agradar marcas — foram criados para entregar às pessoas o que elas querem consumir.
O desafio das empresas não é “vencer” o algoritmo, mas merecer a atenção. É impossível enganar sistemas que se alimentam do comportamento humano. O que não desperta interesse, não engaja; e o que não engaja, simplesmente some.
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Mais do que verba, é sobre intenção
Como profissional de comunicação, observo diariamente que campanhas digitais mal estruturadas não falham por falta de investimento, mas por ausência de propósito e contexto. O algoritmo não pune: ele ignora. E ser ignorado, hoje, é o maior fracasso digital.
Philip Kotler, no livro Marketing 5.0, destaca que “a tecnologia deve ser usada para criar valor significativo, não apenas para vender”. Isso é crucial. Conteúdo que se limita a empurrar produtos não constrói relevância. Para que a mensagem seja aceita, é preciso antes entreter, informar ou conectar. A venda deve ser consequência, não ponto de partida.
O creator como mente criativa
Outro erro frequente é tratar criadores de conteúdo como simples veículos de mídia. Essa visão ultrapassada ignora a potência criativa desses profissionais. Marcas que enxergam o creator como parceiro estratégico constroem narrativas vivas, moldadas pelo diálogo real com as comunidades. Como destaca Chris Anderson, em A Cauda Longa, “o poder está nos nichos”. É na escuta das conversas autênticas que surgem as melhores ideias.
Relevância é a nova moeda
O futuro do conteúdo digital não está em formatos extravagantes ou na busca por truques que manipulem métricas. Ele está na relevância cultural. Marcas que desejam sobreviver na economia da atenção precisam abandonar a lógica de interromper e começar a fazer parte da conversa. Isso exige coragem para ouvir antes de falar e humildade para construir junto com o público.
Não há atalhos para a atenção
É ilusório acreditar que mídia paga pode salvar campanhas irrelevantes. Milhões de visualizações compradas não significam engajamento verdadeiro. A métrica que importa não é a entrega, é o impacto. Conteúdo que não conecta é descartado, não importa quantas vezes apareça na tela.
O algoritmo não salva ideias fracas
No fim das contas, a tecnologia não escolhe quem terá sucesso. Ela apenas entrega o que as pessoas já decidiram valorizar. Se a mensagem não desperta interesse, será ignorada. E isso não é culpa do sistema. É consequência da falta de intenção verdadeira por trás do que se comunica.
Como disse Simon Sinek, em Comece pelo Porquê: “As pessoas não compram o que você faz; elas compram o porquê você faz”. No digital, o algoritmo só potencializa essa verdade.