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Influência Gen Z no consumo de moda: o que muda nas estratégias das marcas

A Geração Z quebrou a lógica do funil, ou, pelo menos, a tornou permeável. A jornada de compra deixou de ser linear e virou um vai e vem de descobertas, avaliações, criadores e experiências físicas.

Influência Gen Z no consumo de moda: o que muda nas estratégias das marcas

Para essa geração, consumir é como um processo de zigue-zague, moldado por conexões coletivas e pela força da comunidade.

Segundo pesquisa da Vogue Business, 51% dos jovens acreditam que influenciadores criam tendências, e muitos ainda preferem experimentar produtos em loja, mesmo após descobri-los nas redes sociais.

Tradução: não basta criar campanhas isoladas, é preciso orquestrar ecossistemas.

Moda como identidade e poder de compra

De acordo com o relatório da BoF Insights, a Gen Z representa cerca de 25% da população global e movimenta mais de US$ 360 bilhões em poder de compra apenas nos Estados Unidos.

Para essa geração, a moda não é apenas consumo, mas também linguagem, identidade e afirmação pessoal. 89% dizem que ela aumenta a confiança e 82% a veem como parte fundamental de quem são.

As tendências surgem de forma orgânica, ou seja, nascem de comunidades e não de passarelas. Dessa forma, as marcas precisam acompanhar esse fluxo, adaptando suas coleções ao estilo individual dos jovens, não o contrário.

Sustentabilidade, inclusão e revenda: novos valores em jogo

No Brasil, a tendência acaba seguindo a mesma linha. Um levantamento feito pela OLX mostra que 89% dos jovens da Gen Z consideram a moda um fator essencial em suas vidas. Além disso, mais de 80% já aderiram ao consumo sustentável na moda. Isso mostra que sustentabilidade, inclusão e economia circular são valores centrais nas decisões de compra.

Esses jovens também valorizam marcas que adotam práticas responsáveis e oferecem transparência em toda a cadeia de produção, desde os materiais utilizados até a logística reversa. A experiência omnicanal (mesclando loja física, redes sociais e e-commerce) é outro ponto decisivo para a fidelização.

Redes sociais e acessibilidade como gatilhos de compra

Influência Gen Z no consumo de moda: o que muda nas estratégias das marcas

De acordo com um estudo publicado na Multi Research Journal, as mídias sociais são o principal gatilho de compra entre os jovens, com destaque para a influência dos criadores e para a importância de marcas sustentáveis.

Além disso, o relatório ainda destaca a importância da acessibilidade de preço, um critério decisivo que determina a lealdade a uma marca.

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Estratégias que funcionam na era Gen Z

O consumo de moda entre os jovens vai além do produto, ou seja, trata-se de conexão, propósito e experiência. Para dialogar com essa geração, marcas precisam rever suas estratégias e adotar novos caminhos:

  • Comunidade antes de campanha: co-criar com micro e nano creators, incentivar UGC (conteúdo gerado por usuários) e manter a conversa ativa mesmo após a compra.
  • Conteúdo útil e transparente: ficha técnica, caimento real, comparativos e avaliações autênticas são decisivos na conversão.
  • Integração total de canais: combinar experiência física tátil com descoberta digital e prova social nas redes.
  • Sustentabilidade prática: incluir revenda, reparo, materiais rastreáveis e dados sobre impacto, e não apenas slogans.

A geração que redefine o consumo

A Gen Z não entra no funil tradicional de compra, ela circula por ele, redefine suas etapas e exige autenticidade em cada ponto de contato. As marcas que entendem essa lógica passam a construir comunidades, experiências e narrativas relevantes em torno de produtos que realmente fazem sentido na vida destes jovens.

Não se trata apenas de vender roupa, trata-se de vestir pertencimento.

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Profissional de Comunicação. Head de Marketing da Metalvest. Líder da Agência de Notícias da Abrasel. Ex-atleta profissional de skate. Escreve sobre estilo de vida todos os dias na Itatiaia e na CNN Brasil.