Na contramão dos filtros excessivos e da perfeição inalcançável que dominaram as redes sociais por uma década, a geração Z vem adotando um visual quase cru em suas postagens. Imagens desfocadas, poses espontâneas e luz natural estão substituindo os ensaios meticulosamente planejados e o uso exagerado de aplicativos de edição. Essa transição representa um novo tipo de rebeldia estética.
Vulnerabilidade como linguagem
Os jovens estão cada vez mais valorizando a vulnerabilidade como parte da comunicação. Um post chorando, um desabafo em texto corrido ou uma foto sem maquiagem são vistos como corajosos e empáticos. O que antes poderia ser considerado “oversharing” agora se tornou uma ponte de conexão real entre criadores e seguidores.
Menos edição, mais conexão
O algoritmo não ignora esse movimento. Conteúdos que parecem espontâneos têm gerado maior engajamento. O motivo é simples: autenticidade gera empatia. Quanto menos edição e mais verdade, maior a possibilidade de o público se enxergar na tela.
A estética da sinceridade
Essa tendência também está presente nos vídeos. Criadores preferem gravar de forma direta, com câmeras tremidas ou erros de gravação propositais, porque isso comunica uma sensação de proximidade. A edição é usada para reforçar a naturalidade, e não para escondê-la.
Impacto no branding
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As marcas, ao perceberem isso, começaram a rever seus padrões. Campanhas excessivamente produzidas têm sido substituídas por conteúdos colaborativos com influenciadores reais, que mostram os bastidores e os processos. O marketing aspiracional perde força para dar lugar à comunicação emocional.
A beleza da imperfeição
Conteúdo “quase sem edição” a busca da geração Z por autenticidade
Posts que mostram cicatrizes, espinhas, bagunça, cansaço ou incertezas ganham relevância. Existe uma beleza nova sendo aceita: a beleza do cotidiano real. Aquilo que era escondido está agora sendo valorizado como estética.
Sem filtro, mas com intenção
É importante destacar que o “sem edição” é muitas vezes uma escolha consciente. Há um pensamento estratégico por trás do visual simples. Mostrar-se real é um ato performático, mas que conecta.
Um reflexo da ansiedade coletiva
Essa tendência também reflete um cansaço da pressão por perfeição. Jovens, especialmente após a pandemia, estão mais ansiosos e vulneráveis. Compartilhar esse estado virou um manifesto silencioso.
Da era da performance à era da verdade
Se os millennials viveram a era da performance e da curadoria, a geração Z está empurrando a cultura digital para a era da verdade. E isso muda a forma como nos relacionamos, compramos, vendemos e nos apresentamos ao mundo.