Beach Tennis: como a praia invadiu o asfalto

Mais que esporte, as arenas viraram o novo ponto de encontro e clube social.

Beach Tennis: como a praia invadiu o asfalto

Quem caminha pelas ruas de Belo Horizonte já notou uma mudança drástica na paisagem urbana. Onde antes víamos apenas concreto e prédios corporativos, hoje encontramos faixas de areia branca, iluminação vibrante e o som inconfundível de raquetes e música. O Beach Tennis deixou de ser uma moda passageira de verão para se consolidar como um dos fenômenos esportivos e sociais mais impactantes dos últimos anos no Brasil.

Não se trata apenas de um jogo. O que vemos é uma mudança comportamental. O esporte conseguiu a proeza de levar o clima litorâneo para cidades sem mar, criando um novo centro de convivência que compete de igual para igual com bares e restaurantes tradicionais. Analiso a seguir como essa atividade conquistou as cidades e por que ela movimenta cifras milionárias.

Beach Tennis: como a praia invadiu o asfalto

A explosão das arenas longe do mar

A grande ironia, ou trunfo, do Beach Tennis é que seu maior crescimento recente não ocorreu nas praias, mas longe delas. As arenas urbanas se tornaram novas paisagens em meio ao caos das metrópoles. Elas oferecem uma ruptura visual e sensorial imediata com a rotina estressante do escritório.

Empreendedores perceberam rapidamente que não vendiam apenas o aluguel de uma quadra, mas sim uma experiência de desconexão. Pisar na areia depois de um dia inteiro usando sapatos sociais ou salto alto provoca uma sensação física de relaxamento quase instantânea. Esse contraste entre o ambiente corporativo rígido e a liberdade da areia foi o combustível para a explosão das arenas em bairros nobres e centros financeiros.

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Por que o esporte cresceu tão rápido

Diferente do tênis de campo tradicional, que exige meses ou anos de aulas técnicas para que se consiga manter uma bola em jogo, o Beach Tennis é extremamente convidativo. A curva de aprendizado é rápida. Em poucos minutos, uma pessoa que nunca segurou uma raquete consegue se divertir, rebater a bola e participar de uma partida.

Essa característica democrática permitiu que o esporte agregasse famílias inteiras, casais e grupos de amigos com diferentes níveis de habilidade atlética. A areia nivela o jogo e reduz o impacto nas articulações, tornando a prática atraente para todas as faixas etárias. É um esporte que não intimida, mas acolhe.

O novo ponto de encontro

Talvez o fator mais decisivo para a consolidação do Beach Tennis seja o seu aspecto social. As arenas modernas são projetadas para que o tempo fora da quadra seja tão importante quanto o tempo de jogo. Com áreas gourmets, bares sofisticados e lounges confortáveis, esses espaços substituíram, muitas vezes, o “happy hour” como ambiente de negócios.

É nas mesas ao redor das quadras, entre uma partida e outra, que a nova rede de contatos profissionais se forma. A informalidade do esporte quebra barreiras hierárquicas. Ali, diretores de empresas e jovens profissionais interagem de igual para igual, criando laços que muitas vezes migram para o mundo corporativo.

Fuga Urbana: a sensação de férias no dia útil

No fim das contas, o sucesso estrondoso do Beach Tennis explica-se pela psicologia. Vivemos tempos de aceleração e ansiedade, e as arenas vendem microférias no meio da semana.

A possibilidade de ter a sensação física e visual de estar na praia em uma terça-feira à noite, logo após o trabalho, é um luxo acessível que melhora a qualidade de vida nas metrópoles. O esporte venceu porque não oferece apenas exercício físico; ele oferece uma válvula de escape mental e uma dose de endorfina e socialização que o ambiente urbano tradicional já não conseguia entregar.

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Profissional de Comunicação. Head de Marketing da Metalvest. Líder da Agência de Notícias da Abrasel. Ex-atleta profissional de skate. Escreve sobre estilo de vida todos os dias na Itatiaia e na CNN Brasil.

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