A prefeita de Contagem, Marília Campos (PT), vai apresentar ao vice-presidente Geraldo Alckmin, nesta quarta-feira (6), uma série de medidas emergenciais para evitar a perda de até 18% do PIB municipal com o tarifaço imposto pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. Entre os pleitos levados estão a possibilidade de uma compensação financeira por perdas na arrecadação, apoio à diversificação da matriz produtiva, incentivo à busca de novos mercados, além de um plano de proteção dos empregos, nos moldes do que foi feito durante a pandemia da Covid-19.
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As propostas integram a agenda de prefeitos que participam, em Brasília, de uma reunião da Frente Nacional de Prefeitos, diante da escalada tarifária determinada pelo presidente norte-americano, Donald Trump. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior, Contagem exportou R$ 1,14 bilhão em produtos aos Estados Unidos apenas em 2024 - volume que pode ser diretamente atingido pelas novas tarifas de até 50%.
“Não se trata só da economia da cidade. Estamos falando de empregos, da produção industrial e da arrecadação que mantém serviços públicos funcionando”, alertou a prefeita em entrevista à Itatiaia em Brasília.
Contagem é hoje um dos municípios mais ameaçados pelo tarifaço de Trump. A taxas afetam os principais produtos comercializados com o país norte-americano, o que inclui transformadores, bobinas e soluções refratárias. A queda de 18% no PIB é uma estimativa preliminar feito pela Secretaria Municipal de Fazenda, em parceria com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico
“Vamos apresentar uma demanda concreta da empresa Magnesita, que já levou ao Ministério o pedido de apoio para que o mercado interno absorva a produção. Precisamos de respostas rápidas”, acrescentou.
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Além da Magnesita, outras empresas com sede em Contagem também estão entre as afetadas, como a Plena, que exporta carne para pets. Segundo Marília, não há ainda um quadro consolidado dos impactos, mas as empresas lideram a lista de companhias sob risco imediato de prejuízo com as tarifas norte-americanas.
“Estamos mobilizados porque não é um problema isolado de uma cidade ou de uma empresa. O impacto é coletivo e pede ação do governo federal”, afirmou a prefeita.
Em busca de diálogo
Marília Campos também defendeu que os bancos públicos ampliem os prazos de crédito rural para evitar que produtores e indústrias sejam pressionados financeiramente até que haja solução diplomática. Para ela, o governo brasileiro precisa combinar articulação internacional com respostas internas.
“Esperamos que o Brasil busque diálogo com os Estados Unidos, mas que também nos informe o que fará aqui dentro. Como o mercado interno pode absorver a produção? Que incentivos serão dados? Precisamos de alternativas concretas.”
Segundo levantamento da Amcham-Brasil (Câmara Americana de Comércio para o Brasil), cerca de 10 mil empresas brasileiras devem ser atingidas pelas novas tarifas de exportação impostas por Trump. Juntas, essas companhias empregam mais de 3 milhões de trabalhadores diretamente, o que aumenta a urgência de medidas coordenadas para evitar um efeito cascata na economia nacional.
Ao ser questionada sobre a pressão para que o presidente Lula entre em contato direto com Donald Trump, a prefeita de Contagem preferiu cautela:
“Não tenho elementos para opinar sobre essa estratégia diplomática. Mas acho preocupante que a retomada das negociações esteja sendo usada para impor interferência política no Brasil. Isso fere a soberania nacional e exige prudência nas relações internacionais.”