O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) decidiu evitar aparições públicas enquanto aguarda uma resposta do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a possibilidade de conceder entrevistas. Nesta quarta-feira (23), ele deixou sua residência por volta das 9h e seguiu para a sede do Partido Liberal, em Brasília, onde deve permanecer ao longo do dia, segundo aliados.
Desde que o ministro Alexandre de Moraes determinou o uso de tornozeleira eletrônica, além de outras medidas cautelares, a sede do PL tem sido o principal ponto de apoio de Bolsonaro na capital federal. O local abriga reuniões reservadas com aliados e oferece estrutura para que o ex-presidente permaneça ali por longos períodos, inclusive com refeições organizadas pelo partido.
Nos últimos dias, Bolsonaro cancelou visitas ao Congresso e limitou interações com a imprensa. A decisão, segundo interlocutores, tem como objetivo evitar qualquer nova interpretação de descumprimento das determinações do STF — o que poderia fortalecer pedidos por uma eventual prisão preventiva, medida considerada possível por juristas em razão de supostas violações recentes.
Ao chegar à sede do PL nesta manhã, o ex-presidente foi sucinto ao ser abordado por jornalistas: “Vocês sabem que eu não posso falar”, disse.
A postura cautelosa de Bolsonaro ocorre em meio à escalada das investigações conduzidas pelo STF. O ex-presidente é alvo de inquérito que apura tentativa de golpe de Estado e articulações para deslegitimar o processo eleitoral. Paralelamente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), seu filho, também passou a ser alvo de investigações após intensificar ataques ao Supremo e publicar conteúdos que, segundo Moraes, podem configurar condutas criminosas. O ministro ordenou a inclusão dessas postagens em inquérito que tramita sob sigilo.
Em petição protocolada na Corte, os advogados de Bolsonaro afirmaram que ele não fará manifestações públicas até que o Supremo esclareça os limites de sua liberdade de expressão: “Em sinal de absoluto respeito à decisão da Suprema Corte, o embargante não fará qualquer manifestação até que haja o esclarecimento apontado nos presentes embargos”, diz um trecho do documento.