COP 30 começa hoje em Belém sob a urgência de cumprimento de acordos para o clima

Com poucos compromissos e incertezas, conferência da ONU pressiona líderes a reagirem diante da crise climática

Sede da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP 30, em Belém

A COP 30 começa oficialmente nesta segunda-feira (10), em Belém, cercada por um tom de urgência. Dez anos após o Acordo de Paris, o mundo chega ao maior evento climático da ONU com metas insuficientes, baixa adesão presencial e sinais de esgotamento nas promessas de contenção do aquecimento global.

De acordo com a plataforma Climate Watch, dos 195 países signatários do Acordo de Paris, apenas 79 apresentaram novas metas climáticas nacionais, cobrindo 64% das emissões mundiais, conforme o ‘Jornal Folha de S. Paulo’. O número evidencia o fracasso coletivo em cumprir o compromisso de limitar o aquecimento a 1,5°C, meta que o secretário-geral da ONU, António Guterres, já admite que será ultrapassada - ainda que talvez de forma temporária.

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Segundo Guterres, em entrevista ao jornal britânico ‘The Guardian’, as metas apresentadas pelos países até agora representam apenas 10% de redução nas emissões, quando seriam necessários 60% para manter o limite de 1,5°C. Mesmo assim, ele acredita que ainda há chance de retornar a esse patamar até o fim do século, desde que a COP 30 marque uma mudança de rumo imediata nas políticas climáticas.

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A conferência ocorre em meio a tragédias climáticas recentes, como o tornado no Paraná e as enchentes no Sul do país, e a sinais de que a ação global está aquém do necessário. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), mesmo se todos os compromissos atuais forem cumpridos, o planeta deve aquecer entre 2,3°C e 2,5°C até 2100.

O Brasil, anfitrião da conferência, chega com metas vistas como realistas, mas pouco ousadas. O país promete reduzir entre 59% e 67% das emissões até 2035 e zerar o desmatamento ilegal até 2030, com neutralidade de carbono até 2050. A aposta do governo está no Fundo de Florestas Tropicais para Sempre, que pretende arrecadar US$ 10 bilhões até 2026, e no Plano de Transformação Ecológica.

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Durante a abertura, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve reforçar o papel do Brasil na liderança ambiental. Mas, em meio à autorização para exploração de petróleo na Margem Equatorial e à ausência de potências como os Estados Unidos, o desafio é convencer o mundo de que ainda há tempo - e vontade política - para reverter o curso da emergência climática.

Conteúdos produzidos pela redação de Brasília da Rádio Itatiaia

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