O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a aparecer publicamente nesta terça-feira (23), ao deixar a sede do partido em Brasília. Com semblante visivelmente abatido, Bolsonaro limitou-se a dizer que “não pode errar de novo” e, por isso, preferiu não conversar com a imprensa. A expectativa é que ele fale amanhã com os jornalistas.
A decisão de manter o silêncio foi tomada com base na recomendação de seus advogados. A defesa alega que ainda não há clareza sobre os limites da decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que proibiu Bolsonaro de usar redes sociais e de se comunicar com outros investigados, o que pode incluir manifestações públicas, como a feita pelo ex-presidente na Câmara dos Deputados no início da semana.
Moraes decidiu não decretar a prisão de Bolsonaro, apesar de ter sido questionado sobre possível descumprimento das medidas cautelares. Para o ministro, não houve “indícios suficientes de violação” por parte do ex-presidente, o que descarta, por ora, a necessidade de uma nova medida judicial. A defesa havia protocolado um esclarecimento ao Supremo pedindo definição mais precisa sobre o que estaria ou não autorizado.
No entanto, o clima entre os advogados é de cautela. A expectativa é que um parecer mais objetivo seja construído até esta sexta-feira (25), a fim de evitar qualquer nova exposição que possa ser interpretada como desrespeito às ordens judiciais.
Na quarta-feira, Bolsonaro também esteve na sede do PL e, ao sair, afirmou que não podia falar com ninguém. O gesto tem sido visto como parte da estratégia jurídica para evitar atritos com o Supremo, num momento em que o ex-presidente é investigado pelos atos de 8 de janeiro e já é réu em ações no STF.
