O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou nesta sexta-feira (25) que o setor da saúde “está acostumado com os roubos do Trump”, ao criticar ações do presidente dos Estados Unidos, como cortes em pesquisa científica e contratos com laboratórios. A declaração foi feita durante o evento “Saúde Estratégica Brasil – Américas”, em São Paulo, onde o ministro anunciou um pacote de investimentos de R$ 450 milhões para fortalecer a inovação no Sistema Único de Saúde (SUS).
Segundo Padilha, o presidente norte-americano Donald Trump já atacou instituições de ponta, como Harvard e Columbia, e chegou a romper contrato com uma fabricante de vacinas de RNA mensageiro. “Faz perseguição. Brigou com a elite da formação intelectual dos EUA”, afirmou.
Investimento em RNA mensageiro
O destaque do pacote é o credenciamento do primeiro Centro de Competência em RNA do país, com foco em RNA mensageiro. O centro receberá investimento inicial de R$ 60 milhões e será operado pela Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial), em parceria com universidades, empresas e startups.
A iniciativa busca acelerar a produção nacional de vacinas e terapias inovadoras, consideradas estratégicas para o sistema de saúde brasileiro.
Outras medidas anunciadas:
- R$ 30 milhões para criação de 6 novas unidades Embrapii nas áreas de biofármacos, dispositivos médicos e saúde digital;
- R$ 60 milhões para projetos voltados a doenças negligenciadas e insumos estratégicos;
- R$ 300 milhões, por meio do MCTI e da Finep, para apoiar empresas que desenvolvam IFAs, terapias avançadas e dispositivos médicos.
Além disso, o governo federal lançou uma consulta pública sobre debêntures incentivadas na saúde, aberta até 10 de agosto. A proposta busca atrair capital privado para obras e infraestrutura do SUS, com benefícios fiscais para investidores.
Cooperação internacional e críticas aos EUA
Padilha também destacou a atuação do Brasil em fóruns internacionais, como a presidência da Assembleia Mundial da Saúde e a liderança na coalizão do G20 para produção local de tecnologias em saúde. Segundo ele, quase todos os países do G20 aderiram à iniciativa, com exceção dos Estados Unidos.
O ministro lembrou ainda que, às vésperas da assembleia da OMS, Trump reclamou dos altos preços de medicamentos nos EUA e sugeriu aumento de preços em outros países, mas sem apresentar medidas concretas.
“Tem que ter tranquilidade. Já se provou que nem todo anúncio vira ação concreta. Não estou dizendo para negligenciar, mas é preciso foco”, concluiu Padilha.