Em coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira (3) no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) atribuiu ao governo de Jair Bolsonaro (PL) a origem de um esquema fraudulento no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que resultou em descontos indevidos em aposentadorias e pensões. O presidente afirmou que as investigações estão sendo conduzidas com rigor pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU).
“Todo mundo sabe que isso é um erro feito no governo passado, possivelmente propositadamente”, declarou Lula, referindo-se diretamente à administração Bolsonaro. Ele enfatizou a seriedade das investigações: “A CGU é muito séria. A denúncia que está chegando é muito séria e a Polícia Federal é muito séria”.
O esquema, revelado pela “Operação Sem Desconto” deflagrada em abril, envolvia descontos não autorizados em benefícios previdenciários, totalizando cerca de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. As fraudes beneficiaram sindicatos e associações, algumas das quais vinculadas a figuras próximas ao governo anterior.
Lula expressou indignação com a exploração de aposentados: “Antigamente, as pessoas roubavam gente rica. Mas agora é pobre roubando de pobre. É uma quadrilha montada em nome dos aposentados, roubando aposentado. Isso não é possível”.
O presidente também destacou a importância de uma investigação cautelosa para evitar injustiças: “Não queremos punir nenhuma entidade de forma precipitada. Muita cautela pra gente não levar uma pessoa a ser crucificada e depois a gente não poder pedir desculpa”.
As autoridades estimam que até 9 milhões de beneficiários possam ter sido afetados pelos descontos indevidos. O governo estuda formas de ressarcir os aposentados prejudicados, incluindo o uso de recursos do Orçamento para devolução dos valores descontados.
O escândalo levou à exoneração do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e à suspensão de outros servidores envolvidos. A CGU assumiu a condução das investigações para garantir imparcialidade, devido a indícios de envolvimento de funcionários do próprio INSS no esquema.