Durante um evento realizado na Espanha, o ex-presidente argentino Mauricio Macri (2015–2019) relatou uma situação inusitada envolvendo Donald Trump. Segundo ele, o ex-presidente dos EUA sugeriu, em 2018, que a Argentina “conquistasse o Chile” para garantir uma saída ao Oceano Pacífico. A declaração foi divulgada pelo jornal El País.
A fala de Macri acontece pouco depois de uma derrota de seu partido nas eleições legislativas em Buenos Aires, onde a sigla do atual presidente Javier Milei saiu vitoriosa. Logo após o revés nas urnas, Macri embarcou para Madri em um voo privado.
Na capital espanhola, o ex-presidente participou do Fórum do Grupo Democracia e Liberdade, que reuniu representantes do Partido Popular e líderes políticos liberais e conservadores da América Latina.
Durante sua participação, Macri relembrou a “relação pessoal” com Trump, que remonta aos tempos em que ambos atuavam no setor empresarial. “Um amigo”, como o argentino o definiu, com quem mantinha laços desde a juventude — ele com 24 anos, Trump com 38. Segundo Macri, essa ligação ajudou a estreitar os laços entre os dois países, tornando Trump “um grande amigo da Argentina”.
Foi nesse contexto que Macri compartilhou a história curiosa ocorrida durante o encontro do G-20 em Buenos Aires. Ao visitar o gabinete presidencial, Trump teria olhado para um mapa e feito uma sugestão surpreendente. “De repente, [Trump] vê uma faixa à esquerda e pergunta: ‘e isso aqui, o que é?’. Eu disse que era o Chile, e ele respondeu: ‘você deveria conquistar o Chile, assim teria os dois oceanos’”, contou Macri.
Segundo ele, os presentes trataram o comentário como uma piada, e “todo mundo riu ali”. No entanto, Macri ponderou: “conhecendo-o, ele meio que fala sério, meio que fala na brincadeira”. E acrescentou: “Depois, com o passar dos anos e a gente ouvindo Canadá, Groenlândia... Isso me soa familiar”, finalizou.
Histórico
Nos últimos tempos, Trump tem reiterado um discurso expansionista. Após vencer as eleições presidenciais, ele voltou a tocar em propostas controversas, como anexar o Canadá, chamando-o de potencial “51º estado” em uma publicação na Truth Social.
O republicano também defendeu que os Estados Unidos retomem o controle do Canal do Panamá, acusando o governo local de “roubar” um patrimônio estratégico americano.
Outra ideia que voltou à tona foi a compra da Groenlândia. Trump havia cancelado uma visita à Dinamarca anos atrás quando o país rejeitou vender o território. Em janeiro, insistiu: “a propriedade e o controle” da ilha “são uma necessidade absoluta”. O governo dinamarquês, por sua vez, respondeu que a Groenlândia “não está à venda”.
No livro The Divider, os jornalistas Peter Baker e Susan Glasser detalham o fascínio de Trump pela ilha: “Eu adoro mapas. E sempre pensei: ‘Olhe o tamanho disso. É imenso, deveria fazer parte dos Estados Unidos’”, disse ele aos autores em 2019.