O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) anunciou nesta quinta-feira (17) o fim da greve de fome iniciada há nove dias, além da desocupação simbólica da Câmara dos Deputados. A decisão foi tomada após um acordo com o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), que garantiu o adiamento por 60 dias da votação em plenário do processo de cassação contra o parlamentar.
Segundo Glauber, o recuo ocorreu após intensas conversas com movimentos sociais e lideranças políticas.
“Essa suspensão — depois de dialogar com os movimentos e conversar muito em uma reunião que durou bastante tempo — vem depois de um compromisso que foi assumido pelo presidente da Câmara”, declarou o deputado em pronunciamento feio na saída da Câmara.
A cassação de Glauber Braga será agora apreciada apenas no segundo semestre, após o recesso parlamentar. Hugo Motta afirmou que, assim que o recurso contra a decisão do Conselho de Ética for deliberado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), haverá uma espera mínima de dois meses antes de o tema ser incluído na pauta do plenário.
“Após este período, as deputadas e os deputados poderão soberanamente decidir sobre o processo”, escreveu Motta em publicação na rede social X (antigo Twitter).
O PSOL pretende protocolar o recurso à CCJ na próxima terça-feira (22). Segundo a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), companheira de Glauber, a peça jurídica terá 90 páginas e apresentará argumentos que justifiquem a ‘desproporcionalidade’ da sanção proposta ao deputado.
“O gesto corajoso e difícil que o Glauber tomou desde o julgamento no Conselho de Ética foi fundamental para que toda a sociedade brasileira soubesse que estávamos à beira de uma das maiores injustiças da Câmara dos Deputados”, afirmou Sâmia.
A líder do PSOL na Câmara, Talíria Petrone (RJ), também comentou a decisão de Hugo Motta, classificando o adiamento como um sinal de que há abertura para a reavaliação do processo.
“É uma sinalização importante e mostra que a pressão política e social em defesa do mandato de Glauber tem surtido efeito”, afirmou.
Com o novo prazo, o PSOL ganha tempo para articular politicamente e tentar reverter a possível cassação do deputado.
Caso a cassação seja levada para o plenário, o processo precisa de pelo menos 257 votos favoráveis para ser aprovado.
Greve de fome
O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) protestava há nove dias contra a decisão do Conselho de Ética da Câmara, que aprovou o parecer pela cassação de seu mandato. Durante esse período, ele permaneceu no plenário onde a decisão foi tomada, consumindo apenas soro, água e isotônico. Segundo familiares, ele perdeu cerca de cinco quilos nesse perído.
Glauber é acusado de agredir um integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) durante uma confusão no Congresso Nacional em 2024. Na ocasião, ele teria empurrado e chutado o homem, além de expulsá-lo do local.
