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Morte de paciente após vereador invadir UBS gera repúdio da Câmara: ‘Conduta antiética’

O vereador Wladimir Canuto disse ser o único vereador de oposição em Felício dos Santos, no interior de Minas Gerais

Vereador Wladimir Canuto (Avante) de Felício dos Santos, na Região Central de Minas Gerais

A Câmara Municipal de Felício dos Santos se pronunciou sobre o caso do paciente que morreu dentro de uma UBS (Unidade Básica de Saúde) após o local ter sido invadido pelo vereador Wladimir Canuto, do Avante. O episódio aconteceu na cidade, localizada na Região Central de Minas Gerais, nessa segunda-feira (3).

A nota, assinada pelo vereador Arthur Gabriel Nascimento Rocha, Presidente da Câmara Municipal, chamou a postura de Wladimir de “conduta antiética” e afirma que o vereador “não sendo profissional da área, não tinha qualquer justificativa para se portar da maneira descrita”. (Confira o posicionamento na íntegra no final da matéria).

“Sua atitude pode ter prejudicado o atendimento da equipe de saúde naquele momento crítico”.
Nota da Câmara Municipal de Felício dos Santos

O órgão afirmou que o caso será investigado pelas autoridades competentes e internamente.

Em conversa com a Itatiaia, o vereador Wladimir Canuto disse ser o único vereador de oposição na cidade. “Existe uma indignação muito grande da administração em cima de mim, são oito vereadores e o Prefeito contra mim”, disse o vereador, que acredita que as fiscalizações que promove incomodam.

O caso

Um paciente cardíaco de emergência faleceu após a invasão do vereador Wladimir Canuto, do Avante, à sala de emergência de uma UBS em Felício dos Santos, na Região Central de Minas Gerais, nessa segunda-feira (3).

O vereador se pronunciou e alegou que foi ao local após receber reclamações de demora no atendimento na unidade de saúde. Ele procurou pelos médicos que atendiam no local e interrompeu o trabalho da médica que estava na “sala vermelha” com o paciente que veio a óbito.

Os funcionários alegam que Wladimir “agiu com extrema arrogância e desleixo quanto ao risco do paciente, o que desestabilizou a equipe e impediu que o monitoramento fosse contínuo”, de acordo com informações do boletim de ocorrência.

Em nota, a Prefeitura de Felício dos Santos chamou de “vil e ardilosa” a ação do vereador e considerou “abrupta e injustificada” a invasão.

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Nota da Câmara Municipal de Felício dos Santos

“A Câmara Municipal de Felício dos Santos, por meio de sua Mesa Diretora, vem a público informar que tomou conhecimento de um incidente ocorrido no dia 03 de fevereiro de 2025, envolvendo o vereador Wladimir Antônio Canuto. O referido vereador invadiu a Sala Vermelha da Unidade Básica de Saúde do município, local de atendimento a pacientes em estado crítico no pronto-socorro, sendo um ponto essencial para o atendimento de urgências e emergências.

Esse comportamento configura, no mínimo, uma conduta antiética, uma vez que o local mencionado é destinado ao tratamento de saúde de pacientes em situação de risco, e o vereador, não sendo profissional da área, não tinha qualquer justificativa para se portar da maneira descrita. Ademais, sua atitude pode ter prejudicado o atendimento da equipe de saúde naquele momento crítico.

A Câmara Municipal também manifesta surpresa e repúdio diante da divulgação de um vídeo pelo vereador, publicado em sua rede social no dia 04 de fevereiro de 2025, no qual ele confirma a invasão da sala e a agressão verbal dirigida a servidores públicos. O vídeo apresenta justificativas para sua ação, mas, em nenhum momento, ele se exime da responsabilidade de seu ato.

Em razão disso, a Câmara Municipal de Felício dos Santos informa à população que o fato será objeto de investigação pelas autoridades competentes, incluindo o judiciário. Além disso, a Casa tomará todas as medidas legais cabíveis, inclusive no âmbito interno, considerando a gravidade da situação e o possível descompasso de tal atitude com deveres de um vereador, oferecendo ao mesmo o direito de defesa.

A Câmara reitera seu compromisso com o respeito, a transparência e a fiscalização eficaz das ações públicas, reafirmando seu compromisso com a ética no exercício do mandato.

Por fim, a Câmara Municipal reitera que, conforme o artigo 331 do Código Penal Brasileiro, o desacato a um funcionário público no exercício da função ou em razão dela é considerado crime, sujeitando o infrator a pena de detenção de seis meses a dois anos, ou multa.

Felício dos Santos, 05 de fevereiro de 2025.

A nota é assinada pelo vereador Arthur Gabriel Nascimento Rocha, Presidente da Câmara Municipal de Felício dos Santos.


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Jornalista formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Na Itatiaia, escreve para Cidades, Brasil e Mundo. Apaixonado por boas histórias e música brasileira.