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PF: plano para morte de Moraes incluía bomba e envenenamento em público

Militares envolvidos foram presos na operação ‘Contragolpe’, realizada nesta terça-feira (19) pela Polícia Federal

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal

O relatório da Polícia Federal (PF) sobre o plano de militares do Exército para um golpe de Estado mostra que o grupo considerou a possibilidade de assassinar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Entre as estratégias discutidas estavam o uso de explosivos e o envenenamento do ministro em público.

“Há uma citação aos riscos da ação, dizendo que os danos colaterais seriam muito altos, que a chance de “captura” seria alta e que a chance de baixa (termo relacionado a morte no contexto militar) seria alto”, diz relatório da PF.

O documento evidencia que ações de monitoramento da rotina de Moraes já estavam em andamento, mas enfrentaram dificuldades devido ao deslocamento do ministro e aos seus protocolos de segurança.

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“O contexto de emprego de armamentos extremamente letais, bem como de uso de artefato explosivo ou envenenamento revelam que o grupo investigado trabalhava com a possibilidade de assassinato do ministro Alexandre de Moraes. Tal fato é reforçado pelo tópico denominado “Danos colaterais passiveis e aceitáveis”, em que o documento descreve como passível “100%” e aceitável também o percentual de “100%”. Ou seja, claramente para os investigados a morte não só do ministro, mas também de toda a equipe de segurança e até mesmo dos militares envolvidos na ação era admissível para cumprimento da missão de “neutralizar” o denominado “centro de gravidade”, que seria um fator de obstáculo à consumação do golpe de Estado.”

O grupo também queria matar o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o vice, Geraldo Alckmin (PSB).

“Para execução do presidente Lula, o documento descreve, considerando sua vulnerabilidade de saúde e ida frequente a hospitais, a possibilidade de utilização de envenenamento ou uso de químicos para causar um colapso orgânico”, diz o documento.

Conhecidos como “kids pretos”, os militares integravam as Forças Especiais do Exército. Eles foram presos na operação ‘Contragolpe’, realizada nesta terça-feira (19) pela Polícia Federal. Um agente da própria corporação também foi alvo dos mandados de prisão cumpridos durante a ação.

As prisões ocorreram nas cidades do Rio de Janeiro, Goiás, Amazonas e Distrito Federal. Além disso, também são cumpridos três mandados de busca e apreensão e 15 medidas cautelares diversas da prisão, que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados, a proibição de se ausentar do país, com entrega de passaportes no prazo de 24 horas, e a suspensão do exercício de funções públicas.

Os presos são:

  • Tenente-coronel Hélio Ferreira Lima (ex-comandante da 3ª Companhia de Forças Especiais em Manaus)
  • General Mario Fernandes (ex-comandante de Operações Especiais do Exército - ‘kids pretos’. Também foi assessor da presidência durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro)
  • Tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira (integrante das Forças Especiais - ‘kids pretos’)
  • Tenente-coronel Rodrigo Bezerra de Azevedo (integrante das Forças Especiais - ‘kids pretos’)
  • Wladimir Matos Soares (policial federal lotado na Superintendência Regional do Distrito Federal)

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É jornalista formado pela Universidade de Brasília (UnB). Cearense criado na capital federal, tem passagens pelo Poder360, Metrópoles e O Globo. Em São Paulo, foi trainee de O Estado de S. Paulo, produtor do Jornal da Record, da TV Record, e repórter da Consultor Jurídico. Está na Itatiaia desde novembro de 2023.