Ouvindo...

Barroso defende interferência do Judiciário na questão ambiental e cobra plataformas por combate à desinformação

Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) esteve na terceira sessão do J20 nesta terça-feira (14), no Rio de Janeiro; encontro reúne representantes das Supremas Cortes dos países do G20

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, defendeu nesta terça-feira (14) a interferência do Judiciário nas discussões sobre o meio ambiente e as mudanças climáticas. O tema esteve entre os assuntos abordados durante a terceira sessão do J20, encontro que reuniu os representantes das Supremas Cortes dos países do G20 no Rio de Janeiro. “Conversamos sobre a mudança climática neste momento em que vivemos essa tragédia no Rio Grande do Sul, e que é claramente produto da mudança climática”, afirmou.

“Em um primeiro momento, o Judiciário ficava um pouco alheio a essas matérias por serem consideradas uma questão política. Mas, ultimamente, a interferência do Judiciário está se intensificando”, prosseguiu. “Primeiro, porque a questão da mudança climática afeta os direitos fundamentais das pessoas. No caso do Rio Grande do Sul, o direito à vida e o direito à habitação. Segundo, porque a política se move por objetivos de curto prazo e os danos ambientais terão efeito em duas, três décadas. É um conceito novo, o compromisso de não destruir o planeta para a próxima geração”, acrescentou o ministro.

Leia também

A onda de desinformação em torno da tragédia que assola os municípios gaúchos há 15 dias também esteve entre os temas discutidos pelo presidente da Suprema Corte brasileira. Barroso avaliou que as plataformas digitais têm contribuído mais para o combate às mentiras no ambiente virtual, mas, ponderou que ainda há resistência entre algumas delas. “Elas mudaram um pouco de atitude. Quando eu era vice-presidente da ministra Rosa Weber no Tribunal Superior Eleitoral [TSE] havia uma atitude geral de lavar as mãos. Acho que mudou. Algumas estão ganhando consciência do mal que podem fazer para a humanidade. Agora, outros servem a causas, à causa comercial de conseguir mais engajamento com o ódio, e também estão articuladas com esse movimento global da extrema-direita”, colocou.

Recentemente, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, se tornou alvo do bilionário Elon Musk, proprietário da rede social X — antigo Twitter. O empresário sul-africano prometeu confrontar as decisões da Corte brasileira e manter os perfis de todos os usuários. A movimentação de Elon Musk angariou o respaldo de parlamentares da direita brasileira contra o ministro do STF.

Ainda em relação à campanha de desinformação movida nas redes sociais em torno do desastre ambiental e humanitário no Rio Grande do Sul, Barroso afirmou que a regulação das plataformas digitais será necessária para ‘impedir que o ódio, a mentira, a desinformação e a perversidade contaminem a vida civilizada’. “O que acontece em relação aos eventos do Rio Grande do Sul é uma inominável derrota do espírito”, disse.


Participe dos canais da Itatiaia:

Repórter de política em Brasília. Na Itatiaia desde 2021, foi chefe de reportagem do portal e produziu série especial sobre alimentação escolar financiada pela Jeduca. Antes, repórter de Cidades em O Tempo. Formada em jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais.
Leia mais