Moradores do Bairro Pindorama, na Região Noroeste de Belo Horizonte, tentam reverter a decisão do governo de Minas Gerais de fechar uma escola estadual que funciona na localidade. A unidade, batizada de Doutor Lucas Monteiro Machado, vai fechar as portas no ano que vem, quando a última turma de Ensino Médio matriculada na instituição concluirá os estudos. A ideia das vozes contrárias ao fechamento da escola é obter o apoio de deputados estaduais para sensibilizar o poder Executivo estadual e, assim, mudar a rota.
As origens do prédio que abriga a Escola Estadual Doutor Lucas Monteiro Machado remontam a 1965, ano da inauguração do local, projetado para abrigar um seminário. O edifício foi convertido em instituição de ensino público no ano de 1982.
Atualmente, os estudantes do Ensino Médio matriculados na unidade têm acesso a cursos técnicos complementares. Há, ainda, a oferta da Educação para Jovens e Adultos (EJA). Cerca de 80 alunos se matricularam para este ano letivo.
O aposentado Rafael Afonso da Silva, de 69 anos, mora há mais de seis décadas no Pindorama. Ele receia os efeitos do fechamento da Lucas Monteiro Machado e chama de “aberração” a decisão do governo estadual.
“Meus três filhos ali estudaram. Dois irmãos meus foram professores lá. Minha irmã foi vice-diretora e coordenadora de turno na escola. Para nós, sociedade do Pindorama, fica um sentimento de derrota se não conseguirmos reverter a vontade do governo de fechar a escola. Precisamos de escolas abertas. Não precisamos, nunca, de fechar espaços onde o povo possa aprender e ser acolhido”, diz, à Itatiaia.
Na quinta-feira (14), a situação da escola será tema de uma audiência pública na Assembleia Legislativa. Na semana passada, uma comitiva da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia do Parlamento visitou as instalações no Pindorama.
Segundo a deputada estadual Macaé Evaristo (PT), vice-presidente da comissão, o espaço físico da escola é amplo — o que permitiria, inclusive, a expansão do escopo de atividades.
“Poderiam estar sendo ofertados a educação técnica e profissional e o ensino fundamental. Dá para produzir um grande complexo educacional para atender toda aquela região — e não deixar a escola abandonada, no descaso. Infelizmente, ouvimos, da Superintendência Regional de Ensino, (que a escola) está em situação de terminalidade. Nos somamos à luta da comunidade para que a gente consiga garantir que essa escola tenha investimento e possa cumprir sua função educativa”, defende.
Segundo Rafael da Silva, a existência de uma escola estadual foi essencial para o desenvolvimento do Pindorama. Macaé Evaristo concorda.
“É uma escola que tem auditório, quadras cobertas, uma excelente cantina e, hoje, não tem nem 100 matrículas porque as novas matrículas foram encerradas. É lamentável, porque o Pindorama, assim como a Região Noroeste, tem enorme potencial para o município de Belo Horizonte”, completa a deputada.
Governo vê redução da demanda
Procurada pela Itatiaia, a Secretaria de Educação de Minas disse que o encerramento gradativo das atividades da escola se dá por causa da redução no número de matrículas e da demanda da comunidade. O prédio da instituição é alugado. O mobiliário, por sua vez, é patrimônio público e poderá ser usado por outras escolas.
“Para atender os demais estudantes da região, a SEE/MG informa que a Escola Estadual Guimarães Rosa, localizada no mesmo bairro, e a cerca de 300 metros de distância da escola citada, tem capacidade e infraestrutura para atender a demanda de estudantes na região, garantindo que nenhum estudante seja prejudicado ou fique sem vaga”, lê-se em trecho de comunicado.
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