Municípios de menor porte, cuja principal atividade econômica é a indústria de extração, lideram o ranking do Produto Interno Bruto (PIB) per capita no Brasil, conforme dados de 2021 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (15). O PIB per capita, obtido pela divisão do conjunto de riquezas gerado na cidade pelo número de habitantes, revela quanto da riqueza produzida corresponderia a cada pessoa, desconsiderando a desigualdade na distribuição de renda no Brasil.
Em 2021, Catas Altas, localizada a 119 km de Belo Horizonte, em Minas Gerais, alcançou o maior PIB per capita do país, atingindo R$ 920.833,97, com uma população estimada em 5.465 habitantes na época. O município teve na extração de minério de ferro sua principal atividade econômica, conforme estudo apresentado pelo IBGE.
A economia centrada na extração de minério de ferro também se destacou em Canaã dos Carajás, no Pará, e São Gonçalo do Rio Abaixo, localizado na região central de Minas Gerais, ocupando a segunda e terceira posições do ranking em 2021, com valores de R$ 894.806,28 e R$ 684.168,71, respectivamente.
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O IBGE observa que a extração de minério ou petróleo predominou como a principal atividade econômica nas oito cidades com os maiores valores de PIB per capita do país em 2021.
Confira o ranking das cidades com maior PIB per capita do país:
- Catas Altas (MG): Mineração
- Canaã dos Carajás (PA): Mineração
- São Gonçalo do Rio Abaixo (MG): Mineração
- Itatiaiuçu (MG): Mineração
- Presidente Kennedy (ES): Petróleo e Gás
- Conceição do Mato Dentro (MG): Mineração
- Maricá (RJ): Petróleo e Gás
- Saquarema (RJ): Petróleo e Gás
- Paulínia (SP): Refino de Petróleo
- Campos de Júlio (MT): Agricultura
Sucesso econômico X desastres ambientais
O estado de Minas Gerais destaca no seu nome a relevância desta atividade em sua economia, que se estende desde os tempos coloniais. A mineração está presente há mais de 300 anos, presente na história mineira, desde a descoberta do ouro aluvião no final do século XVII. A extração aurífera presente no ciclo do ouro foi a principal responsável para a transferência do poder político do nordeste para o sudeste, o que conferiu o Brasil o título de maior produtor mundial de ouro no século XVIII.
O protagonismo de Minas Gerais na mineração se manteve ao passar do tempo. Das 10 maiores empresas de mineração no Brasil, apenas uma não tem operações em Minas Gerais. Segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM), o estado produz aproximadamente cerca de 70 substâncias minerais nas 40 das 100 maiores minas de extração no país. O Quadrilátero Ferrífero, localizado na região centro-sul de Minas, tem cerca de 7 mil quilômetros quadrados de extensão, com destaque para o ouro, manganês e ferro como principais minérios. Ainda segundo a ANM, a região é responsável por 60% da produção de minério de ferro no Brasil.
O grande desafio para Minas Gerais é conciliar a produtividade da mineração com o compromisso com a sustentabilidade socio-ambiental. Nos anos anteriores, Minas Gerais foi cenário de dos grandes desastres ambientais advindos da mineração. Em 2015, aconteceu o rompimento da barragem do Fundão. Já em 2019, um novo rompimento de barragem deixou um rastro de destruição na cidade de Brumadinho.