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‘Não podemos politizar esse tema’, diz Lira sobre afundamento em Maceió

Presidente da Câmara falou sobre o tema durante participação na COP-28, que é realizada em Dubai

Declaração foi feita em meio a uma série de acusações entre grupos políticos que discutem a responsabilidade sobre o risco do colapso da mina de Braskem

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que participa da COP-28 em Dubai, disse nesta quarta-feira (06) que este não é o momento de “politizar” a crise ambiental e social que assola a cidade de Maceió, capital do Alagoas. A fala ocorre em meio a uma série de acusações entre grupos políticos que discutem a responsabilidade sobre o risco do colapso da mina da Braskem.

“Esse problema é uma angústia alagoana e maceioense a três ou quatro anos. A responsabilização da Salgema, atual Braskem, é clara. Já fez a indenização aos moradores, indenizou a prefeitura. Mas o que nós não podemos fazer agora é politizar esse tema. É trazer esse tema para uma disputa política local para transformá-la em nacional. O momento agora é de preservar vidas com a possibilidade da ruptura abrupta de uma mina que, passo a passo, dia a dia, vem sendo descartada”, alegou.

A ‘politização’ citada por Lira ganhou destaque na semana passada quando o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), e o senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL), falaram sobre os riscos uma possível CPI da Braskem no Congresso, cujo pedido havia sido apresentado pelo também senador Renan Calheiros (MDB-AL). Cunha levantou suspeitas sobre a participação de Calheiros na investigação, uma vez que, segundo Cunha, o senador teria ligações com a Braskem que, teoricamente, é a culpada pela situação em Maceió.

“Durante todo esse período houve uma licença ambiental sendo renovada constantemente pelo estado de Alagoas, e o governador da época era o Renan Filho, que é senador, hoje ministro dos Transportes, e filho do Renan Calheiros”, disse Rodrigo Cunha, que defende uma investigação sobre a omissão no caso da Braskem.

A preocupação de Lira é com a imagem da cidade, que já vem perdendo recursos por conta do problema causado pela Braskem. “A imagem de uma Maceió não pode ser afetada nacionalmente, com a sua característica de turismo, por uma irresponsabilidade de declarações”, finalizou.

RECEITA PERDIDA
Enquanto o debate sobre a responsabilização da tragédia corre em Brasília, a Prefeitura de Maceió enviou para a Câmara Municipal nesta quarta-feira um projeto de lei que isenta do pagamento de IPTU, até o final de 2028, os moradores e comerciantes que tinham residência nos bairros de Bebedouro, Mutange, Pinheiro, Bom Parto e Bebedouro - bairros que ficam na região afetada pelo afundamento do solo provocado por escavações da Braskem.

Segundo a prefeitura, são cerca de 15 mil imóveis que ficaram isentos, o que prevê uma perda de receita estimada em R$ 30 milhões por ano. O projeto ainda precisa do aval dos vereadores da cidade.

Supervisor da Rádio Itatiaia em Brasília, atua na cobertura política dos Três Poderes. Mineiro formado pela PUC Minas, já teve passagens como repórter e apresentador por Rádio BandNews FM, Jornal Metro e O Tempo. Vencedor dos prêmios CDL de Jornalismo em 2021 e Amagis 2022 na categoria rádio