O deputado mineiro Nikolas Ferreira (PL-MG) não poupou críticas ao parecer escrito pela relatora Eliziane Gama (PSD-MA) e classificou o documento como parcial e mentiroso durante sessão nesta quarta-feira (18), no último encontro da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigou os atos antidemocráticos do 8 de Janeiro.
“Digo, com tranquilidade, [Eliziane] é um fantoche a serviço do Lula. Esse relatório não passa de água de salsicha, não serve para porcaria nenhuma”, afirmou. A declaração do político suscitou burburinhos no plenário e o presidente Arthur Maia (União-BA) interveio pedindo que Ferreira amenizasse o tom. “Não vou ponderar”, rebateu o mineiro. “A relatora escreveu um relatório parcial, mentiroso e é fantoche da esquerda. Se não aguenta, a porta está ali. Vira à direita, segue à esquerda e vai embora”, disparou.
O relatório apresentado em sessão nessa terça-feira (17) pela senadora Eliziane Gama será votado nesta quarta e propõe o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por associação criminosa, violência política, abolição violenta do Estado de Democrático de Direito e golpe de Estado. A expectativa é que o parecer seja aprovado sem dificuldade; isto porque a ala governista, maioria na comissão, é favorável a ele. Ocorrendo a aprovação, o documento será remetido à Procuradoria-Geral da República (PGR), à Advocacia-Geral da União (AGU) e ao Supremo Tribunal Federal (STF).
O documento não propõe apenas o indiciamento de Bolsonaro, indicado como o grande responsável pelos atos golpistas do 8 de Janeiro. O relatório pede ainda que sejam indiciados 60 aliados do ex-presidente. Entre eles estão o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, a deputada Carla Zambelli, o general Braga Netto, o general Augusto Heleno e o tenente-coronel Mauro Cid.
Na contramão do relatório oficial, a oposição construiu um voto em separado, também apresentado nessa terça-feira. Assinado por 16 parlamentares oposicionistas, o documento não possui validade no âmbito da investigação, mas sugere os indiciamentos de seis pessoas, entre elas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro da Justiça e Segurança, Flávio Dino (PSB-MA).
O voto em separado ainda pede que sejam responsabilizados o general Gonçalves Dias, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) à ocasião do 8 de Janeiro. Também são sugeridos os indiciamentos de: Saulo Moura da Cunha, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin); Klepter Rosa Gonçalves, comandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) e Paulo José Ferreira de Souza Bezerra, ex-interino do Departamento Operacional da PMDF.