O ministro da Justiça e Segurança Pública Flávio Dino (PSB) garantiu não existirem conversas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre sua provável indicação para a cadeira do Supremo Tribunal Federal (STF) desocupada com a aposentadoria da presidente Rosa Weber no início de outubro. Senador eleito pelo Maranhão, Dino é um dos três preferidos de Lula para a vaga na Corte Suprema e disputa a preferência do petista com o advogado-geral da União Jorge Messias e com o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU) Bruno Dantas.
Cumprindo agenda no Santuário Nacional de Aparecida em São Paulo nesta sexta-feira (22), o ministro avaliou que receberia a indicação com alegria, mas insistiu que nada foi dito por Lula até o momento. “Se o presidente Lula achar que essa é uma missão necessária… Claro que preciso conversar um pouco com minha família, é uma mudança de vida muito profunda. Sou senador, estou ministro da Justiça do governo… Mas, sem dúvida, é um convite honroso”, comentou. “Tenho um espírito prático. Acho que os problemas só existem quando eles realmente batem à porta. Neste caso, eles não existem. Estou focado na agenda do ministério”, acrescentou.
Questionado sobre as informações recém-reveladas do conteúdo da delação de Mauro Cid à Polícia Federal, Flávio Dino classificou a colaboração como ‘documento probatório muito forte’ e afirmou que os detalhes prévios são ‘impactantes’. “Infelizmente, a essas alturas, já é possível vislumbrar que muitos crimes graves ocorreram. Inclusive este crime, essa preparação de um crime que seria um golpe de Estado. Então, realmente é algo impactante”, concluiu.
Delação de Mauro Cid. Informações adiantadas por O Globo sobre a colaboração premiada de Mauro Cid, braço-direito de Jair Bolsonaro na Ajudância de Ordens, dão conta de que o militar relatou à Polícia Federal (PF) minúcias de um encontro entre o ex-presidente e a alta cúpula das Forças Armadas após a derrota na eleição do ano passado. Na ocasião, de acordo com Cid, Bolsonaro propôs um golpe de Estado para permanecer à frente do Palácio do Planalto. O Exército, segundo Cid, declinou da sugestão. O almirante Almir Garnier, entretanto, teria colocado as tropas da Marinha à disposição do então presidente da República.