O prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), disse que concorda em se reunir com vereadores de oposição ao poder Executivo, mas descartou se encontrar com o presidente da Câmara Municipal, Gabriel Azevedo (sem partido). A declaração foi dada nessa sexta-feira (15), em meio a um processo que pode culminar na cassação de Gabriel.
A crise na Câmara de BH, aliás, não é permeada apenas pelo caso do presidente. Isso porque vereadores de oposição ao prefeito têm obstruído votações e reclamado de pouca atenção dada pelo Executivo. Na semana passada, 14 parlamentares assinaram ofício pedindo, a Fuad, um encontro na sede da administração municipal.
“Não tenho problema de receber vereador aqui, não. Não estou pronto, preparado, e nem estou querendo, receber o presidente da Câmara. Porque o presidente da Câmara só tem me ofendido e só tem gravado todo mundo que fala. Não vou fazer uma reunião com uma pessoa que grava todo mundo com quem conversa e que não cumpre nada que promete”, afirmou o prefeito, em entrevista coletiva, ao ser questionado sobre a possibilidade de se encontrar com integrantes do Legislativo.
A queixa sobre Gabriel “gravar” conversas remonta à divulgação do áudio de um diálogo entre ele e o corregedor da Câmara Municipal, Marcos Crispim (Podemos). Na ligação telefônica em questão, eles conversam a respeito de uma denúncia apresentada pelo PDT contra o presidente da Câmara, que havia chamado de “lambe-botas” o vereador trabalhista Wagner Ferreira.
“Os vereadores que não gravam ninguém, recebo sem problema nenhum. (Podemos) marcar um por um que quiser vir aqui. Com muito prazer. O presidente, prefiro ter com ele uma relação institucional, mas sem muita proximidade”, completou o pessedista.
Procurado pela Itatiaia, Gabriel disse que a disposição de Fuad em receber os parlamentares representa “um bom começo”.
“Fico muito feliz em saber que o senhor prefeito está finalmente disposto a receber 13 vereadores que eram ignorados pela prefeitura. Já é um bom começo. Eles representam, assim como eu, o povo. É uma boa oportunidade para que ele perceba que o problema dele não é comigo e o meu não é com ele. A minha questão segue a mesma: esta cidade tem muitos desafios e uma lentidão profunda por parte do Poder Executivo na implementação das soluções”, falou.
Embate sobre a falta de quórum
Os agitados bastidores da Câmara de BH têm sido marcados, ainda, por queixas a respeito do encerramento precoce de reuniões plenárias
Vereadores que fazem oposição a Gabriel afirmam que o chefe do Legislativo tem destinado pouco tempo à marcação de presença. Ele, por sua vez, diz agir em conformidade com o Regimento Interno da Casa.