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CPMI do 8/1: governistas miram Mauro Cid, e oposição sugere indiciamento do general Gonçalves Dias

A oposição sugere o indiciamento do general Gonçalves Dias, ministro palaciano do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no 8 de janeiro

Oposição defende convocação de representante da Força Nacional e do general Carlos Penteado

O depoimento da cabo Marcela Pinno à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) nesta terça-feira ocorreu em meio às articulações de governistas e oposição para as sessões que virão. O militar Mauro Cid é o principal alvo da base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o indiciamento do general Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) é a bandeira da oposição, que deseja trazer à CPMI as lideranças da Força Nacional de Segurança à época das invasões e dos ataques aos prédios dos Três Poderes. O número dois do GSI, general Carlos José Russo Assumpção Penteado, também está na mira da oposição, segundo indicou o senador Marcos Rogério (PL-RO) após a sessão desta terça.

“Os governistas não querem permitir a convocação do comandante da Força Nacional. Por qual razão? A Força Nacional estava mobilizada e pronta. Não agiu porque alguém determinou que não agisse. É lamentável”, criticou. “Também queremos ouvir o Penteado, afinal, o general Gonçalves Dias veio à CPMI e o apontou como o epicentro da falta de efetividade do Plano Escudo”, acrescentou. O senador Marcos Rogério reforçou a desaprovação da oposição diante da atuação do ministro da Justiça, Flávio Dino, à ocasião do 8 de janeiro. “O Flávio Dino não entregou até agora as imagens [das câmeras de segurança do Ministério da Justiça]. Por quê? O que está escondendo? Por que essa obstrução?”, disparou.

Indiciamento do general Gonçalves Dias

Na sessão desta terça-feira, o deputado Filipe Barros (PL-PR) denunciou à CPMI um suposto encontro entre o chefe de gabinete da relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), com o general Gonçalves Dias às vésperas do depoimento do ex-ministro do GSI à comissão. Gama negou a denúncia, mas sofreu críticas de Marcos Rogério, que sustentou a necessidade do relatório final indiciar G. Dias por omissão no âmbito dos ataques do 8 de janeiro.

“Me parece que a investigação está caminhando para um rumo muito negativo. Duvido muito que, depois de hoje, a relatora não passe a considerar o indiciamento de G. Dias em seu relatório”, disse. “Ficou claro que há uma omissão vinculada ao serviço do GSI de G. Dias. E hoje ficou aparente, a senadora não conseguiu explicar porque o chefe de gabinete dela foi à casa do G. Dias antes do depoimento... Ou ela indicia o G. Dias, investiga o G. Dias, ou então ela nos parecerá partícipe da situação de omissão”, concluiu.

Mauro Cid na mira dos governistas na CPMI

A validação da delação premiada acertada entre a Polícia Federal (PF) e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) à época da presidência, intensificou o desejo da base governista de reconvocá-lo para depor na CPMI dos atos antidemocráticos. A comissão, aliás, solicitará acesso ao conteúdo da delação de Mauro Cid; e o advogado do ex-ajudante de ordens, Cezar Bitencourt, afirmou que Mauro Cid não responderá às perguntas se convocado. O deputado Rogério Correia (PT-MG) declarou que a presença de Cid é essencial para esclarecer os atos antidemocráticos ocorridos em janeiro.

“O retorno de Mauro Cid à CPMI é evidente. Mauro Cid vai delatar Bolsonaro, e aqui eles [oposição] querem descobrir qual é a cor da cueca do G. Dias. Precisamos saber o que Mauro Cid diz, é o que nos interessa, a presença dele é crucial para o país. Cid está delatando Bolsonaro e generais que iriam participar do golpe de Estado”, argumentou.

Repórter de política em Brasília. Na Itatiaia desde 2021, foi chefe de reportagem do portal e produziu série especial sobre alimentação escolar financiada pela Jeduca. Antes, repórter de Cidades em O Tempo. Formada em jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais.