O governo disse à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro que não tem as imagens de câmeras do Palácio da Alvorada e do Ministério da Defesa entre os dias 1º de julho e 31 de dezembro de 2022.
A justificativa em ambos os casos é de falta de armazenamento para as imagens. A questão técnica está presente nas normas de monitoramento que estão em vigor desde o mandato de Jair Bolsonaro (PL).
Foi entre julho e dezembro de 2022 que o hacker Walter Delgatti Netto afirmou ter comparecido em reuniões com integrantes do governo do ex-presidente.
Em um dos documentos enviados à comissão, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), responsável pelas câmeras do Alvorada, aponta inviabilidade técnica para disponibilizar as imagens.
“O sistema de videomonitoramento existente nas dependências do Palácio do Alvorada possui capacidade limitada de armazenamento de dados”, explica o GSI.
“Diante dessa limitação, este Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República não dispõe de registro e gravações das imagens das câmeras de videomonitoramento daquela instalação, internas ou externas, referentes ao período de 1° de julho de 2022 a 31 de julho de 2022”, complementa.
Já sobre as câmeras do Ministério da Defesa, a pasta alega o mesmo problema. “A capacidade de armazenamento tem sofrido redução, tendo em vista a quantidade de imagens e a qualidade das imagens, que atualmente estão consumindo maior espaço de armazenamento, exigindo que o sistema seja reiniciado a cada 15 ou 20 dias”, afirma.
O pedido de acesso às imagens foi iniciativa da deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que acredita ser essencial ter os dados para “esclarecer as datas e horários de entrada e saída” de Delgatti nas reuniões que citou em depoimento à CPMI.
Na comissão, o hacker disse que se encontrou com o próprio presidente no Palácio da Alvorada em agosto de 2022, quando os dois teriam conversado sobre a possibilidade de invasão às urnas eletrônicas.
Delgatti também falou sobre visitas ao Ministério da Defesa, na época comandado pelo general Paulo Sérgio Nogueira. O hacker esteve no local cinco vezes, entrando pela garagem, e diz ter conversado com a equipe de tecnologia.
“A ideia inicial era que eu inspecionasse o código-fonte, mas eles explicaram que ele só ficava no TSE e apenas servidores do Ministério da Defesa teriam acesso”, afirmou no dia 17 de agosto na CPMI.
Pouco tempo depois do depoimento do hacker, o atual ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, antecipou que não existem imagens nas câmeras porque elas têm um prazo de duração.
“Não existe nenhum registro. Por isso que nós estamos insistindo, e pedimos aqui à Polícia Federal que nos desse um nome, para que, a partir daí, pudéssemos fazer uma sequência de investigações. Mas nós não temos ainda”, afirmou Múcio a jornalistas.