Ouvindo...

Bolsonaro queria nova lei com anistia para venda de presentes, dizem fontes

Segundo relatos, ex-presidente fez consultas internas sobre articular no Congresso norma com efeito retroativo

Bolsonaro queria nova lei com anistia para venda de presentes, dizem fontes.

Pressionado pelo avanço das investigações no caso das joias, o ex-presidente Jair Bolsonaro chegou a fazer consultas internas sobre a possibilidade de articular no Congresso uma espécie de anistia para a venda dessas peças, de acordo com relatos feitos à CNN.

A ideia era tentar aprovar uma nova lei sobre recebimento de presentes por chefes de Estado e autoridades, que tivesse efeito retroativo. O argumento seria a existência de um vácuo na legislação vigente que trata do assunto.

Bolsonaro, segundo esses relatos, tratou do tema em uma conversa ocorrida no meio de agosto. O ex-presidente teria argumentado que ainda possui apoio significativo no Congresso e que confiava na adesão do PL e de outras legendas, segundo um interlocutor. Bolsonaro, entretanto, foi desencorajado por pessoas próximas, que apontaram o “grande risco de derrota” e o desgaste político que poderia decorrer da proposta.

Procurada, a equipe de Bolsonaro disse desconhecer a movimentação. A justificativa para uma anistia faz referência à lei datada de 1991, durante o governo Collor, que serve de base para toda a estratégia de defesa bolsonarista.

A regra trata do acervo presidencial e contempla a possibilidade de venda de itens, desde que haja comunicação prévia e seja dada prioridade de compra pelo poder público.

Os advogados do ex-presidente ignoram, entretanto, regramentos que impuseram posteriormente estrições mais rigorosas ao recebimento de presentes, em especial o acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU), de 2016.

O documento restringiu o acervo pessoal do presidente a itens de natureza personalíssima e de consumo imediato, impondo ainda restrição específica à apropriação de joias por parte do presidente da República.

É esse imbróglio e a falta de clareza nas regras que serviriam para sustentar a ideia de uma anistia, cuja vigência alcançaria todo o período desde a promulgação da lei de 1991, de acordo com a ideia ventilada.

A regra valeria tanto para Bolsonaro como para outros ex-presidentes, inclusive Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Os dois petistas são recorrentemente citados por bolsonaristas como parte da estratégia política para dissipar as denúncias que atingem o ex-presidente. Ambos tiveram de devolver, após o novo entendimento do TCU, presentes recebidos enquanto estavam no exercício da Presidência.

VEJA TAMBÉM: O caminho das joias: entenda o caso sobre o qual Bolsonaro ficou em silêncio

Acompanhe as últimas notícias produzidas pela CNN Brasil, publicadas na Itatiaia.