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Câmara de BH: pedidos de suspensão fazem sessão que pode abrir cassação de Gabriel se arrastar

Dúvidas de vereadores a respeito da viabilidade das votações em pauta alongam reunião plenária desta sexta (1°); afastamento de Marcos Crispim (Podemos) também pode ser analisado

Até aqui, sessão é conduzida por Gabriel Azevedo

A sessão da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) que pode definir a abertura do processo de cassação do mandato do presidente da Casa, Gabriel Azevedo (sem partido), começou por volta das 15h desta sexta-feira (1°), mas já se arrasta por três horas. Pedidos de suspensão da reunião tomaram parte do tempo do encontro. Gabriel chegou a indicar que interromperia a sessão por duas horas, mas vozes dissonantes conseguiram barrar o pleito.

Antes da suspensão de duas horas ser aventada, houve pleito pela interrupção da sessão por 30 minutos. Esse pedido também acabou negado.

Gabriel determinou a suspensão por 120 minutos perto das 17h, após um discurso do vereador Sérgio Fernando Pinho Tavares (PL). Segundo o presidente, não havia nenhum parlamentar próximo ao microfone para questionar a decisão de interromper os debates.

Segundo ele, o Regimento Interno da Câmara dá, ao presidente do Legislativo, a prerrogativa de suspender uma sessão por intervalo entre um minuto e duas horas.

“Estamos seguindo completamente o Regimento da Casa. Não há nenhum artefato sendo utilizado. Seguimos o Regimento com todo o cuidado”, disse.

A sessão também foi pontuada por pedidos de “questão de ordem” levantadas por alguns parlamentares. Isso ocorre quando eles pedem algum tipo de esclarecimento sobre alguma questão que envolve o Parlamento ou o andar da reunião.

A tentativa de Gabriel gerou protestos por parte de Bruno Miranda (PDT), líder do prefeito Fuad Noman (PSD) na Câmara.

“Não existe justificativa plausível para uma suspensão de duas horas. Vossa excelência está tentando não votar o processo que envolve o senhor hoje. A verdade é essa. A Justiça está acompanhando a votação”, criticou o pedetista.

À Itatiaia, o líder do governo Fuad disse que a estratégia de Gabriel é arrastar a sessão para que a denúncia contra ele não chegue a ser levada à votação no plenário da Câmara.

"É uma estratégia para que não chegue na denúncia em que ele é parte. A gente lamenta. É importante que a gente avance nas pautas que estão em plenário e que quem é favorável, vote, e quem é contrário, vote. Mas este instrumento de obstruir e usar a presidência na obstrução é muito grave”, critica Miranda.

Em meio aos protestos dos opositores de Gabriel, aliados do presidente apontaram a necessidade de obter informações, no Regimento Interno, a respeito da validade das votações previstas para esta sexta. Há, por exemplo, além da cassação de Gabriel, um segundo pedido, pelo afastamento dele do posto de chefe do poder Legislativo de BH.

Já a secretária-geral da Mesa Diretora, Marcela Trópia (Novo) defendeu a estratégia adotada por Gabriel, disse que considera atuação da Mesa “muito republicana” e que todas as questões de ordem apresentadas foram baseadas no regimento interno da Casa.

“A democracia leva tempo e o processo de cassação de um vereador é muito sério. Eu, inclusive, fico incomodada da gente não ter até mais tempo para poder analisar as denúncias com mais calma. As suspensões [da reunião] que foram tentadas aqui não foram acatadas”, disse ela em entrevista a Itatiaia.

“Eu acho plenamente normal. Se qualquer um dos vereadores aqui estivesse com a cabeça posta em praça pública, eles também iriam querer tempo para poderem se explicar, para o debate acontecer. Democracia é isso”, concluiu Trópia.

Já o vice-presidente da Câmara, Juliano Lopes (Agir), que também é integrante da Mesa Diretora, criticou a postura de Gabriel. “O vereador Gabriel está usando várias táticas para burlar o regimento, tentando prorrogar a sessão para que não seja votado o pedido de cassação dele hoje. A sessão tem que ir no máximo até às 20h. Caso não dê para votar, volta na próxima segunda-feira (4). Reinicia tudo. Na verdade, o vereador está ganhando prazo para tentar reverter na Justiça o possível pedido de afastamento dele da presidência”, disse ele.

Outra cassação em pauta

Embora a maior parte dos olhares esteja voltada à possibilidade da abertura do processo de impedimento de Gabriel, outro pedido de cassação tem de ser analisado antes do processo envolvendo o presidente da Casa. Trata-se de pleito pelo afastamento de Marcos Crispim, do Podemos.

Os vereadores ainda não votaram a possível cassação de Crispim, pedida por Guilherme Barcelos, o “Papagaio”, que atua como assessor de Gabriel.

Barcelos foi citado por Crispim em um boletim de ocorrência feito pelo vereador na semana passada. O parlamentar do Podemos acusou o assessor de Gabriel Azevedo de ter invadido o seu gabinete e usado sua senha no sistema eletrônico da Câmara para arquivar uma denúncia contra o presidente da Câmara.

A queixa policial de Crispim fez com que Barcelos apresentasse um pedido de cassação contra o vereador por “denunciação caluniosa”.

Para que a admissibilidade das cassações de Crispim e Gabriel sejam aceitas, serão necessários 21 votos.

Leitura da Bíblia

Todas as reuniões plenárias da Câmara de BH começam com a leitura de uma passagem da Bíblia Sagrada. Nesta sexta, a tarefa coube a Jorge Santos (Republicanos), que além de integrar o grupo de vereadores mais próximo a Gabriel, é pastor. Ele se dedicou à leitura do livro religioso por cerca de oito minutos — tempo maior do que é habitualmente gasto no momento de fé.

A leitura por oito minutos irritou Juliano Lopes (Agir), vice-presidente da Câmara de BH. Lopes compõe a chamada “Família Aro”, coalizão ligada ao Secretário de Estado de Casa Civil, Marcelo Aro (PP). Foi a deputada federal Nely Aquino (PP), integrante da “Família Aro”, a responsável por assinar o pedido de cassação de Gabriel.

Repórter de política na Rádio Itatiaia. Começou no rádio comunitário aos 14 anos. Graduou-se em jornalismo pela PUC Minas. No rádio, teve passagens pela Alvorada FM, BandNews FM e CBN, no Grupo Globo. No Grupo Bandeirantes, ocupou vários cargos até chegar às funções de âncora e coordenador de redação na BandNews FM BH. Na televisão, participava diariamente da TV Band Minas e do BandNews TV. Vencedor de 8 prêmios de jornalismo. Já foi eleito pelo Portal dos Jornalistas um dos 50 profissionais mais premiados do Brasil.
Graduado em Jornalismo, é repórter de Política na Itatiaia. Antes, foi repórter especial do Estado de Minas e participante do podcast de Política do Portal Uai. Tem passagem, também, pelo Superesportes.