A sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas acabou em mal-estar entre o presidente Arthur Maia (União-BA) e a oposição após declarações do deputado Maurício Marcon (Podemos-RS) minutos antes do fim da audiência, que se estendeu ao longo de nove horas nesta quinta-feira (24).
Marcon atacou Maia e criticou a demora da CPMI em obter as imagens da quebradeira no 8 de Janeiro que estão sob posse do Ministério da Justiça. O presidente rebateu e colocou a oposição à prova, ameaçando pôr os requerimentos de convocação e quebras de sigilo para votação. Vale citar que os governistas são maioria na CPMI e, sem o intermédio do presidente Arthur Maia, as chances da oposição aprovar os pedidos que protocolou são irrisórias.
“O senhor vai ser o pizzaiolo dessa pizza que está sendo gestada na CPMI!”, esbravejou Marcon. “O senhor pode pedir uma busca e apreensão ao Ministério da Justiça para termos acesso às imagens! A estratégia é postergar o máximo possível até que a CPMI acabe”, acrescentou. “O senhor está fazendo um papel triste para sua reputação”, concluiu o parlamentar em discurso endereçado ao deputado Arthur Maia.
Geralmente com ânimos contidos, o presidente da CPMI revidou o ataque de Marcon. “A CPMI não tem força coercitiva e não farei disso uma palhaçada, nem ficarei gritando e usando de espalhafato para aparecer nas redes sociais”, disparou. “Se essa CPMI age com equidade e trouxe para cá os depoimentos que a oposição pediu, foi por ação dessa presidência”, acrescentou.
“Estou tentando construir um acordo para buscar entendimento. Se vossas excelências quiserem, eu me retiro e coloco para votação todos os requerimentos na próxima reunião. O que eu não aceitarei é essa posição radical, populista e demagógica para desmoralizar o meu trabalho”, concluiu.
O senador de oposição Flávio Bolsonaro (PL-RJ) propôs apaziguar o estresse após a declaração do presidente Arthur Maia, agradeceu e elogiou a atuação do parlamentar na CPMI. Após o encerramento da sessão, Maia recuou e afirmou que tentará conciliar os desejos de situação e oposição para pôr os requerimentos em votação nas próximas sessões.